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Crônica de uma morte anunciada

Crônica de uma morte anunciada

Preocupados com o esgotamento dos temas e com o desgaste das fórmulas narrativas, os escritores do século XX empreenderam em pesquisas e experimentaram novas maneiras de costurar as tramas novelescas. Em Crônica de uma morte anunciada, o escritor colombiano Gabriel García Marquez, ganhador do prêmio Nobel de Literatura, inova nos dois campos, oferece uma história onde os elementos que comumente seriam administrados para conferir suspense ao enredo policialesco, a identidade do assassino e o motivo do crime, são revelados logo nas primeiras páginas, mas retomados exaustivamente nos capítulos seguintes, conferindo adensamento e circularidade à narrativa.


Resenha

Preocupados com o esgotamento dos temas e com o desgaste das fórmulas narrativas, os escritores do século XX empreenderam em pesquisas e experimentaram novas maneiras de costurar as tramas novelescas. Em Crônica de uma morte anunciada, o escritor colombiano Gabriel García Marquez, ganhador do prêmio Nobel de Literatura, inova nos dois campos, oferece uma história onde os elementos que comumente seriam administrados para conferir suspense ao enredo policialesco, a identidade do assassino e o motivo do crime, são revelados logo nas primeiras páginas, mas retomados exaustivamente nos capítulos seguintes, conferindo adensamento e circularidade à narrativa. Além disso, à pergunta: Quem matou Santiago Nasar, o protagonista, o narrador deixa outra questão para o leitor solucionar: Afinal, quem não matou Santiago Nasar? Levando, dessa maneira, o leitor a refletir acerca da culpa coletiva de certos crimes quando nem suspeita do grau de implicação em que está envolvido, seja por que a alienação favorece certo conforto, seja por que a ignorância o poupa de certos aborrecimentos. Marquez, autor de grandes romances como Cem anos de solidão e Amor nos tempos do cólera, é sempre instigante e contundente.