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Falando banto

Falando banto

O que chama a atenção no livro é a ilustração feita  de traços estilizados e singulares, ou seja, com uma forte marca autoral.


Resenha

Livro: Falando banto

Autor: Eneida D. Gaspar

Editora: Pallas


Num primeiro momento o que chama a atenção no livro é a ilustração feita  de traços estilizados e singulares, ou seja, com uma forte marca autoral. O ilustrador brinca com a perspectiva e nos dá uma visão dos espaços ora de cima, ora de baixo, ora por dentro, ora pelos lados, graças às figuras geométricas e à palheta variada de cores que dão uma dimensão da multiplicidade, diversidade e mistura cultural do povo africano. Quando nos adentramos na leitura propriamente dita, há ainda uma surpresa e um espanto ante as palavras que até parecem trava-línguas, pois, por um lado, assim organizadas na escritura, soam novas aos nossos ouvidos; por outro, mostram-se muito familiares, ou seja, vemos que, sem nunca nos termos dado conta, estávamos falando banto nas situações mais corriqueiras do dia a dia. É importante dizer, principalmente para pais e professores, que Eneida preparou um rico glossário ao final do livro, o que ajuda a explicar o significado das palavras presentes nestes 10 poemas. No entanto, o mais interessante é que a gente utiliza o glossário apenas para confirmar o sentido que, pelos procedimentos poéticos empregados na construção textual, já se concretizou em nossa mente. Talvez esse seja o segredo que une todos os povos na palavra “fuzarca”.
Trecho do livro
“Nana, nenê Tutu marambaia ficou de tocaia niu os mafagafos na maior gandaia. Macaco cambaio pegou a bengala, cutucou a Cuca, toda encabulada.” P. 17