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O Ateneu

O Ateneu

As brigas de poder, a corrupção e a traição se desenrolam no interior do internato para rapazes, onde os mais fortes são opressores e os mais fracos são hostilizados sem pudor nem piedade. Mas há também momentos de intenso lirismo, de descobertas poéticas, de autênticas amizades.


Resenha

 As primeiras palavras de O Ateneu, romance de Raul Pompéia, são as do pai dirigidas ao herói: “Vais encontrar o mundo…”. Assim, o pequeno Sérgio rememora como tomou distância da idade da inocência para viver precocemente os prazeres e as vilanias de um mundo mais afeito aos adultos. Portanto, o que está anunciado nas palavras do pai será comprovado na leitura, de modo que o internato em que Sérgio ingressa quando criança, comandado pelo temível Aristarco, configura-se numa espécie de amostra em miniatura do mundo maior em que os homens disputam comandos e sobrevivência.
As brigas de poder, a corrupção e a traição se desenrolam no interior do internato para rapazes, onde os mais fortes são opressores e os mais fracos são hostilizados sem pudor nem piedade. Mas há também momentos de intenso lirismo, de descobertas poéticas, de autênticas amizades. Situado entre um pessimismo desalentador e de um otimismo à custa de radicalismo, o enredo que Pompéia nos oferece é construído de forma tão sensível, e exemplar do ponto de vista formal, que O Ateneu se consolidou como um dos romances mais bem escritos em língua portuguesa.

Trecho do livro:

 “ ‘A minha vingança!’” repetiu-me ainda o Franco. ‘Para o sangue, sangue’, acrescentou com o risinho seco. ‘Amanhã rirei da corja!… Trouxe-te aqui para que alguém soubesse que eu me vingo!’ Ao falar mostrava-me o lenço que enxugara o sangue do golpe à testa.”

P. 115