Os meninos da rua Paulo
No livro de Ferenc Mólnar, o cotidiano das crianças que moram na rua Paulo vai sendo desenhado aos poucos, abrangendo especialmente a rotina da escola e as tardes em que convivem sob os códigos éticos, morais e até marciais, espelhados no mundo adulto, mas que vão sendo compreendidos e adaptados intuitivamente ao universo em que vivem. Os temperamentos humanos estão todos em germe nos pequenos seres em formação: o líder, o covarde, o traidor, o herói, o romântico, o conciliador, etc.
Resenha
No livro de Ferenc Mólnar, o cotidiano das crianças que moram na rua Paulo vai sendo desenhado aos poucos, abrangendo especialmente a rotina da escola e as tardes em que convivem sob os códigos éticos, morais e até marciais, espelhados no mundo adulto, mas que vão sendo compreendidos e adaptados intuitivamente ao universo em que vivem. Os temperamentos humanos estão todos em germe nos pequenos seres em formação: o líder, o covarde, o traidor, o herói, o romântico, o conciliador, etc. Os dramas e as dificultades enfrentados pelas crianças estão dimensiados de acordo com suas forças e inteligências, colocadas à prova na disputa por um terreno baldio entre grupos rivais. O leitor bem sabe que, do ponto de vista do adulto, aquilo tudo pode não passar de brincadeira de meninos, mas quem embarca na história se vê imerso numa guerra de dimensões épicas. Ferenc Molnár, escritor húngaro que concebeu Os meninos da rua Paulo pensando no jovem leitor, ativou suas reminiscências de criança e transformou-as em narrativa com um tom muito digno, sem infantilizar, tampouco ridicularizar, uma fase da vida marcada por encantos e aventuras.
Trecho do livro
“— Gostou?
Nemecsek fitou-o com os grandes olhos azuis e disse:
— Gostei. Preferi tomar um banho a ficar à beira do lago rindo de um camarada. Prefiro ficar na água até o Ano Bom a conspirar com os inimigos de meus amigos.”
P. 122-123