O que é mais importante para ser um bom ilustrador? Segundo Odilon Moraes, um dos ilustradores brasileiros mais reconhecidos e premiados, não é apenas a capacidade de desenhar bem. “O trabalho do ilustrador começa como leitor”, declara.
Ele aprendeu a pintar com o pai, um juiz de direito de poucas palavras. Os dois passavam bastante tempo em silêncio entre as telas e tintas, dialogando pelas imagens que criavam.
Paulistano, cresceu no interior do estado e voltou à capital para estudar arquitetura na USP. Nessa época descobriu sua verdadeira vocação, quando um colega o chamou para apresentar desenhos a uma editora. No mesmo dia começou a carreira de ilustrador.
Odilon sempre gostou de livros que usam palavras e imagens simultaneamente e depois de muitos anos ilustrando textos de outros autores, começou a criar também as histórias. Diz que em seu processo de criação não separa texto e imagem, pois as duas linguagens são formas complementares de narrar e o desenho também é uma forma de escrita, mais silenciosa, como algumas cenas nos filmes. A diferença é que, quando cria, já sabe que algumas coisas quer dizer com palavras e outras com imagens.
O primeiro livro que publicou como único autor foi A princesinha medrosa (2002) e desde então vem recebendo prêmios e reconhecimentos no Brasil e no mundo, como o Jabuti, selos da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), White Raven e entrou para a lista de honra do IBBY (International Book Board for Youth).
Moraes afirma que, como autor, nunca pensa em crianças para criar, já que isso poderia limitar as ideias, ditar o que pode ou não estar em um livro infantil – e a possibilidade de analisar uma obra por sua adequação o incomoda. Como exemplo, fala de temas como tristeza e solidão, ou do livro Pedro e Lua, todo preto e branco, que não tem o apelo colorido das obras que normalmente são dirigidas a esse público.
Sua inspiração vem de diferentes fontes: da própria vida, de conversas com amigos, de textos que leu ou imagens que viu. Todas as ideias vão para uma gaveta e às vezes se agrupam para dar origem a um livro.
Quando já sabe o que irá contar, monta “bonecos”, que são modelos de como o livro ficará depois de pronto: tamanho, formato, quantidade de páginas, distribuição das imagens e textos. Depois de apresentar isso aos editores, cria as imagens finais em pranchas.
Atualmente, além de ilustrar e escrever, Odilon dá aulas, oficinas e palestras sobre o conceito do livro ilustrado.
Confira aqui a conversa sobre a obra Lá e aqui, escolhida em maio e 2017 para o #desafioataba #12livrosem1ano como uma amostra da obra de Odilon Moraes e conheça abaixo alguns livros do autor: