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Bate-papo – Literatura e limites: conversando sobre abuso na infância

Bate-papo – Literatura e limites: conversando sobre abuso na infância

Como prevenir o abuso sexual na infância? De que maneira podemos abrir espaço para conversar sobre o tema com as crianças, desde cedo? Confira o bate-papo promovido pela Taba sobre o tema.


Na noite de 12 de agosto, A Taba promoveu um bate-papo sobre abuso na infância com Tino Freitas – autor do livro “Leila” e a psicólogo Julia M Rossetti.

Leila foi o livro enviado aos assinantes autônomos do Clube de Leitores A Taba, em agosto de 2019.

A live foi transmitida ao vivo pelo Instagram da Taba, mas o aplicativo apresentou problemas e o conteúdo do bate-papo não foi salvo.

Acompanhe a seguir, alguns dos principais pontos abordados na conversa:

 Leitura do livro e inspiração para a história:

  • Logo no início da transmissão, Denise Guilherme (idealizadora da Taba) fez a leitura integral do livro Leila, mostrando as imagens, para que todos pudessem conhecer o texto que embasaria a conversa.
  • Em seguida, Tino Freitas relatou qual foi a inspiração para a escrita da história. Segundo ele, foi em uma das apresentações que faz em escolas de todo o Brasil que encontrou uma menina, cuja reação diante de um abraço de Tino, lhe fez sentir-se a necessidade de falar sobre o tema.
  • Para o autor, o livro Leila fala sobre a importância de encontrar a própria voz e de sentir-se capaz de estabelecer os limites em relação a si mesmo e ao outro. Lino disse que a obra tem três narrativas paralelas, as quais apresentou durante a live.

Um tema urgente

  • Para a psicóloga Julia Rossetti, a obra pode ser um excelente instrumento para desencadear uma conversa sobre os limites do corpo e a necessidade de dizer às crianças, desde cedo, que ninguém lhe pode ou lhe fazer algum carinho sem o seu consentimento. Segundo Julia, o fato do livro apresentar o assunto de maneira metafórica pode abrir espaço para que as crianças que já passaram por uma situação semelhante possam falar e, para aqueles que não passaram, consigam refletir sobre os mecanismos de prevenção ao abuso sexual na infância.
  • Denise disse que, na sua leitura, a obra é urgente e o assunto também. Nosso país não possui estatísticas sobre abuso na infância, mas sabemos que a maior parte dos casos acontece dentro do núcleo familiar. Denise comentou sobre o vídeo da influencia Jout Jout que traz um alerta sobre o abuso sexual infantil no Brasil. Para ela, esse é um tema que precisa ser tratado com crianças de qualquer idade.

Identificar e prevenir

  • Atendendo aos pedidos das pessoas que participaram da transmissão, Julia conversou sobre como identificar que uma criança sofreu abuso e como podemos prevenir esse tipo de agressão.

Para ela, é preciso observar qualquer mudança no comportamento: alteração do sono, resistência em se aproximar de uma determinada pessoa com quem possuía um bom vínculo anteriormente, mudança de humor, terror noturno, pesadelos, recusa em se alimentar, sexualização precoce, desenhos que revelam conteúdo agressivo ou que representem os órgãos sexuais adultos com muitos detalhes. Em todos os casos, é preciso abrir espaço para conversa e procurar ajuda.

Julia relatou que a melhor forma de prevenir o abuso é criar uma cultura de respeito ao corpo. Ao próprio e ao do outro. E essa informação precisa ser transmitida desde cedo, para crianças de qualquer idade. É preciso que elas saibam que o seu corpo é como uma casa. Só entra quem você convida, com quem você se sente à vontade. Se não, é preciso não deixar e pedir ajuda. Nem mesmo beijar ou abraçar alguém da família deve ser uma obrigação. Existem outras formas de demonstrar carinho e as escolhas das crianças devem ser respeitadas.

Outro aspecto apresentado por Julia foi a ideia de que os pequenos não devem possuir segredos. Nenhum adulto deve pedir à uma criança que esconda algo ou não fale sobre algo. Esse tipo de relação – aparentemente inocente – abre espaço para que ela se sinta obrigada a ocultar até mesmo situações graves, com as quais não tem condições de lidar, com medo de desagradar o adulto que lhe pediu segredo.

Um livro, muitas histórias

  • Na sequência, Tino Freitas apresentou as diferentes histórias presentes na obra: a do texto, a da ostra e do lixo. Para ele, o texto apresenta a narrativa da baleia Leila, cujo nome foi inspirado na atriz Leila Diniz e que ela usa biquini e vai nadar, fazendo referência à atleta Joana Maranhão – que anos atrás denunciou ter sido abusada sexualmente por seu treinador quando tinha apenas 9 anos.

No início, o Barão seria ilustrado como um tubarão. Mas a ilustradora Thais Beltrame sugeriu que um polvo – animal mais      flexível e soturno –  seria uma opção melhor, já que o abusador geralmente consegue seu objetivo porque não se revela assustador no início. A artista escolheu representá-lo com apenas 5 tentáculos, fazendo uma referência à mão humana.

Tino também mostrou a narrativa contada através das imagens da ostra: uma metáfora escolhida por ele e por Thais para mostrar que, quando sofremos uma agressão, ela não desaparece. Mas pode ser envolvida pela nossa defesa e transformada em algo melhor – como uma pérola.

Por fim, o autor falou sobre o lixo que também aparece em várias páginas e que é o lugar onde o Barão fica no final da história. Para ele, é importante que as pessoas que sofreram qualquer tipo de violência tenham sempre clareza de que elas não são responsáveis pelo que lhes aconteceu e que nada dá o direito à ninguém de desrespeitar a integridade de outro.

Concluindo

Denise concluiu dizendo que mais do que qualquer outra coisa, é preciso dar palavras às crianças. Para que, desde cedo, elas possam encontrar a própria voz, sendo capazes de narrar a sua história, de dizer o que sentem e o que pensam. Só assim, poderão, assim como Leila, dizer “eu sou uma pessoa livre”.

A Taba acredita que boas leituras promovem conexões saudáveis entre adultos e crianças. Por isso, criamos todos os meses as melhores experiências de leitura por meio dos kits do Clube de Leitores A Taba.

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