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A diaba e sua filha

A diaba e sua filha

Como afirma o escritor moçambicano Mia Couto no prefácio do livro A diaba e sua filha, “a autora Marie Ndiaye escreve sobre nossos medos e o modo como eles são coletivamente consntruídos.”. Mais especificamente, sobre o medo do diferente que, levado ao extremo, ameaça e gera preconceito. Em uma narrativa curta, indeterminada de maneira espaço e temporalmente, apenas uma das personagens tem nome: a diaba.


Resenha
Como afirma o escritor moçambicano Mia Couto no prefácio do livro A diaba e sua filha, “a autora Marie Ndiaye escreve sobre nossos medos e o modo como eles são coletivamente consntruídos.”. Mais especificamente, sobre o medo do diferente que, levado ao extremo, ameaça e gera preconceito. Em uma narrativa curta, indeterminada de maneira espaço e temporalmente, apenas uma das personagens tem nome: a diaba. Apesar da alcunha, trata-se de uma mulher com “face delicada e roupas muito limpas”, que bate de porta em porta em um povoado, à procura de sua filha. Sua voz e suas feições jamais assustariam os que a atendem, não fossem seus pés de cabra. Todos, sem exceção, ao avistarem os “cascos negros e delicados, separados por uma fenda alongada”, fecham rapidamente a porta, tomados por verdadeiro pavor. Esse medo cresce ao longo da narrativa, ganhando proporções gigantescas e gerando acontecimentos inesperados. As ilustrações – pinturas impressionistas em tons de azul – dialogam com o mistério, o obscuro e o indefinido que permeiam o texto. Os que esperam um final triste para esse belíssimo conto, serão surpreendidos pelo calor acolhedor de “uma pequena casa iluminada onde brilhava uma bela lamparina de luz amarela”.
Trecho do livro
“Mas essa diaba não sabia sequer o que isso significava. Não sabia sequer por que tinham medo dela. Suspirava e depois se afastava com um passo ligeiro, os pequenos cascos de cabra batendo na estrada, clique-claque, clique-claque.” P. 22