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Eu queria ter…

Eu queria ter…

Um livro grandão, com ilustrações que ocupam duas páginas e que certamente favorecem a leitura para um grupo de crianças, que poderão apreciá-las mesmo de longe.
Não só o texto do livro explora a natureza e os animais que nela vivem; as imagens ampliam o olhar para a diversidade.


Resenha
Silencioso como um tigre, rápido como uma lebre, atento como um veado…quem nunca desejou possuir as habilidades de alguns animais?
Em Eu queria ter… texto e imagem convidam o leitor a olhar atentamente a natureza e descobrir a beleza que há nos outros seres com os quais dividimos o planeta.
As imagens que preenchem as páginas com desenhos e cores são verdadeiras pinturas!
Por meio delas, é possível observar as singularidades de cada animal em destaque e se surpreender com os pequenos detalhes que ampliam a compreensão do texto.
Um livro para ver, rever e se surpreender a cada leitura!
(Resenha produzida pela equipe A Taba, especialmente para o exclusivo Mapa de Exploração da obra.)
Como foi a nossa leitura?
Um livro grandão, com ilustrações que ocupam duas páginas e que certamente favorecem a leitura para um grupo de crianças, que poderão apreciá-las mesmo de longe.
Em nossa primeira leitura, Eduardo reconheceu vários animais nas ilustrações. Outros, viu pela primeira vez, como a pantera, a baleia e lêmure. Ouviu um nome diferente (melro) para um bichinho que para ele era um passarinho. Durante uma de nossas leituras (não lembro em qual página e a qual passarinho ele se referia), Eduardo lembrou do curió, um dos vários pássaros que aparecem no livrinho Pé-de-Bicho. Também nomeou objetos que reconheceu, como as frutas e a faca, no cenário do rato.
A lua, presente em duas ilustrações do livro, chamou bastante a atenção do Eduardo durantes nossas leituras. Sempre a mostramos pra ele, principalmente quando está na fase cheia; Adoramos admirá-la todos os meses. As estrelas também são suas conhecidas e chamaram a atenção igualmente. Ele sabe que são elementos “sócios” e que dividem o céu. Sempre comento com ele que a lua e as estrelas aparecem à noite e o sol, durante o dia. Lembramos do livrinho “Mas Papai…” e da lua e estrelas que aparecem nele. Às vezes fazemos isso, retomamos em outros livros o que chama a atenção dele naquele que estamos lendo. Sinto que ele gosta muito.
Não só o texto do livro explora a natureza e os animais que nela vivem; as imagens ampliam o olhar para a diversidade. Na maioria das páginas, além do animal que detém a habilidade apresentada pelo narrador, há outros, menores ou que dividem aquele cenário. Esse foi um dos aspectos que mais chamou a atenção do Eduardo em nossas leituras. Foi assim com as borboletas, a libélula, os esquilos, o coelho, o ouriço, o polvo, o gato e os diversos passarinhos que aparecem na história. No cenário em que aparece o veado, Eduardo buscou encontrar todos os pequenos animais que apareciam. Quando percebeu que havia vários passarinhos, passou a apontar um a um, contando-os. Foi assim também no cenário do tigre, onde pudemos ver outros animais escondidinhos (veado, zebra, cobra, maca, garça, passarinho).
Na página em que aparece a girafa e seu pescoço comprido, Eduardo lembrou e pediu para que eu cantasse a música da girafa “O pescoço da girafa vai do chão até o céu… o pescoço da girafa vai do chão até o céu… e a girafa quando quer ser xereta….É moleza, é moleza, é moleza…”.
Houve momentos em que, antes de iniciarmos a leitura, ele quis ver primeiro as libélulas do livro. Tomava o livro nas mãos e buscava encontrá-las. Ele já conhecia uma libélula, de ver fisicamente mesmo, voando ou pousada sobre algo (da mesma forma que conhece a coruja e a lebre pois já as avistamos diversas vezes em nosso bairro – moramos em um loteamento novo, com muito campo ao redor). Eduardo ficou muito feliz em reconhecê-la no livro, tanto na página com os dados de catalogação como na página do ganso e no corpo da baleia. Eduardo gostou de encontrar esquilos do livro e observou comigo como alguns animais carregam um florzinha no bico (ganso), na boca (lebre) ou na tromba (elefante).
Pensar em como permitimos que as crianças ampliem o vocabulário quando lemos para elas, além de toda a afetividade envolvida nesse ato, é uma das coisas que me motiva a ler para o Eduardo. E não é preciso que o livro tenha um texto rebuscado ou longo. Se fosse aliás, não lhe prenderia a atenção, não na idade em que ele está agora. Mesmo com textos curtinhos, foram várias as palavras diferentes neste livro. Além do nome dos animais que ele não conhecia, há palavras pouco usadas em nossa fala diária, como bosque, pomar, escuridão, veloz e selvagem. Há ainda, as palavras novas nas ilustrações, que nos permitem ampliar grandemente nossa leitura com eles: abajur, bule, pena, palmeira.
As habilidades dos animais do livro, algumas vezes caracterizadas com adjetivos, foram  interessantes para exploração do texto com o Eduardo. Algumas dão ideia de grandeza e foram de mais fácil entendimento (o pescoço comprido da girafa, as orelhas enormes do elefante). Outras, entretanto, exigiram uma relação que ele ainda não consegue estabelecer (a sabedoria do cachorro para curtir as noites de inverno). Outras ainda, consegui mostrar/explicar a ele mais facilmente por meio da ilustração (a cor da pantera para se confundir com a escuridão).
Perceber que no corpo da baleia e do elefante havia inúmeros outros animais e objetos foi uma coisa divertida! Eu particularmente achei estranho de início que estes dois personagens fossem assim ilustrados. Depois, refleti em como isso deve permitir a imaginação das crianças. (a baleia engoliu tudo aquilo? O elefante é todo feito de bichinhos?….. ). Neles encontramos flores, frutos, casinha, xícara, coração, besouro, lagartixa, arara, navio centopeia, aranha….
Mostrei a ele a fumacinha saindo das chaminés das casas e do bule contendo chá/café. Ele sabe que a fumaça indica calor/quentura Sempre mostramos a fumaça dançando sobre o prato quando colocamos a comida quentinha.
Os cenários da narrativa mostram situações interessantes para serem apresentadas às crianças, sob o ponto de vista da localização dos personagens da narrativa. Eduardo participou ativamente da leitura quando, ao conversarmos lendo o livro, percebeu que o pescoço da girafa estava dentro da nuvem, assim como o ratinho estava dentro da gaveta. Que os ratinhos tomavam suco encima da mesa e que o coelho escondia-se atrás da árvore. Algumas vezes ele percebia sozinho, em outras, fazíamos isso juntos.
Ainda não observei com ele as páginas de guarda do livro em que constam esboços das ilustrações do livro. Mas tenho certeza que teremos muitas oportunidades para perceber que o rascunho de uma ilustração pode ser bem diferente de sua versão final e que será divertido compará-las para ver as diferenças.
Prêmios ou Indicações
Eu queria ter… foi eleito um dos 30 melhores livros infantis da Revista Crescer em 2015.