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A menina o coração e a casa

A menina o coração e a casa

Por meio da descrição de acontecimentos cotidianos, a história de vida dos personagens vai se desenhando e se entrelaçando lentamente. O tempo tem papel importante no desenvolvimento da narrativa. O que inicialmente parece dolorosamente definitivo na constituição familiar – pais e irmãos separados, vivendo em casas diferentes – ganha novos formatos aos poucos, encantando e surpreendendo. A presença de uma criança de 8 anos com Síndrome de Down como um dos personagens integra-se com naturalidade na composição da história, sem os artificialismos que costumam marcar obras que tratam a diversidade com viés didático ou moralizante.


Resenha
Em A menina, o coração e a casa, a autora argentina María Teresa Andruetto, ganhadora do mais importante prêmio literário infanto-juvenil em 2012, o Hans Christian Andersen, trata de modo poético temas delicados, como a diversidade, o abandono e a separação dos pais. Em uma narrativa enxuta, que tem basicamente uma família como núcleo, as relações afetivas são contadas por um narrador atento e sensível, que capta a sutileza dos movimentos e sentimentos dos personagens e os traduz poeticamente para o leitor. Por meio da descrição de acontecimentos cotidianos, a história de vida dos personagens vai se desenhando e se entrelaçando lentamente. O tempo tem papel importante no desenvolvimento da narrativa. O que inicialmente parece dolorosamente definitivo na constituição familiar – pais e irmãos separados, vivendo em casas diferentes – ganha novos formatos aos poucos, encantando e surpreendendo. A presença de uma criança de 8 anos com Síndrome de Down como um dos personagens integra-se com naturalidade na composição da história, sem os artificialismos que costumam marcar obras que tratam a diversidade com viés didático ou moralizante. Aqui, Pedro, personagem portador da síndrome, é antes de tudo o irmão de Tina, com quem gosta de brincar no tobogã e balançar na rede.
Trecho do livro
“Tina, é assim que chamam essa menina, e essa menina gosta que lhe contem contos. Vai de carro com o pai até a casa onde moram com sua avó Hermínia. Com o coração ainda posto na tarde de domingo e na casa da mãe, percorrem os sessenta quilômetros que separam o povoado da pequena cidade de Cineville.” P. 21