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No longe dos Gerais

No longe dos Gerais

Nelson Cruz faz um belíssimo trabalho em No longe dos gerais, seguindo os caminhos trilhados por Guimarães Rosa, não apenas na geografia interiorana de Minas Gerais, mas também nos registros do autor sobre os lugares pelos quais passou conduzindo, por duzentos e quarenta e quatro quilômetros, uma boiada, em 1952. O autor mergulhou nesse universo, física e intelectualmente, para escrever uma história contada por um menino que acompanha a boiada e nos presenteia com seu olhar sobre o personagem-escritor João Rosa. Não é sem razão, portanto, que este livro, que suscita um rico e delicioso diálogo com a obra do mestre maior da literatura brasileira, recebeu os prêmios Câmara Brasileira do Livro, Prêmio Jabuti, FNLIJ: Altamente recomendável  criança, FNLIJ: Melhor projeto editorial — hors-concours. Com mais de oitenta livros ilustrados, Nelson faz um trabalho primoroso de ilustração, alternando a pintura colorida com desenhos que lembram os rabiscos das anotações de Rosa, compondo, assim, um diálogo visual que deflagra os dois olhares que estão em jogo semântico nesta história.


Resenha
Nelson Cruz faz um belíssimo trabalho em No longe dos gerais, seguindo os caminhos trilhados por Guimarães Rosa, não apenas na geografia interiorana de Minas Gerais, mas também nos registros do autor sobre os lugares pelos quais passou conduzindo, por duzentos e quarenta e quatro quilômetros, uma boiada, em 1952. O autor mergulhou nesse universo, física e intelectualmente, para escrever uma história contada por um menino que acompanha a boiada e nos presenteia com seu olhar sobre o personagem-escritor João Rosa. Não é sem razão, portanto, que este livro, que suscita um rico e delicioso diálogo com a obra do mestre maior da literatura brasileira, recebeu os prêmios Câmara Brasileira do Livro, Prêmio Jabuti, FNLIJ: Altamente recomendável  criança, FNLIJ: Melhor projeto editorial — hors-concours. Com mais de oitenta livros ilustrados, Nelson faz um trabalho primoroso de ilustração, alternando a pintura colorida com desenhos que lembram os rabiscos das anotações de Rosa, compondo, assim, um diálogo visual que deflagra os dois olhares que estão em jogo semântico nesta história. Sem dúvida, é um livro fundamental para que o jovem leitor entre em contato com a vida e a obra de Guimarães Rosa e possa adentrar num espaço brasileiro que é, em si mesmo, mistério e poesia.
Trecho do livro
“O escritor pede autorização para ver o rapaz. Juvenal o acompanha até o quarto enquanto na sala a conversa continua. Instantes depois, quando João Rosa desce, já tínhamos ido para a cozinha e nos aquecíamos ao redor do fogão de lenha. João Rosa pede a Antonieta que faça um chá de folhas de laranjeira e dê ao rapaz com um comprimido de cafiaspirina.”
P. 39