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O tempo todo

O tempo todo

Em “O Tempo Todo”, conhecemos um simpático jacaré que se sente uma ilha. Sem precisar de nada ou ninguém, ele vive em seu pequeno mas suficiente pedaço de terra sozinho


“Nenhum homem é uma ilha”. Esta frase, presente em um sermão do poeta inglês John Donne, data do século XVII, mas sua verdade é tão indiscutível que hoje, três séculos depois, ainda continua relevante. A pandemia de COVID-19, que nos tornou “ilhas” durante um longo período, escancarou a necessidade humana por contato, diálogo e comunidade. Em “O Tempo Todo”, conhecemos um simpático jacaré que se sente uma ilha. Sem precisar de nada ou ninguém, ele vive em seu pequeno mas suficiente pedaço de terra sozinho e vai tudo muito bem até a chegada de um visitante. Tomado pelo medo e angústia, nosso protagonista nem cogita a possibilidade de que o novo possa trazer consigo conforto, alegria e, por que não, um novo olhar para retinas preguiçosas. Será que nosso protagonista irá topar conhecer o desconhecido?

Quem são os autores de “o tempo todo”?

 

Volnei Canônica se autodeclara um “nômade”. Talvez por isso saiba melhor do que ninguém que não se vive sozinho: cada morada, por mais temporária que seja, exige alguma abertura, o estabelecimento de laços e contato para que tome os contornos de uma casa rapidamente. Fundador do Instituto de Leitura Quindim, ele se dedica ao universo das palavras em várias frentes. Depois de sua estreia com “Tanta Chuva no Céu”, “O Tempo Todo” chega trazendo novamente o olhar certeiro e sensível de Volnei. 

Felipe-Cavalcante

Felipe Cavalcante é um brasiliense que respira o universo das imagens: mestre em arte contemporânea, é o cérebro e mãos por trás de projetos gráficos relevantes, como o do livro “Clarice” (2018), de Roger Mello, vencedor do Prêmio Jabuti de melhor projeto gráfico. Conheça mais seu trabalho.

Por que escolhemos este livro para enviar aos assinantes do Clube de Leitores A Taba?

No fundo, no fundo, todo mundo tem um pouquinho de medo do novo: novas opiniões assustam porque podem desestabilizar as nossas, novos lugares nos deixam apreensivos porque nos tiram do que é familiar, novas pessoas entram em nossas vidas bagunçando os lugares de afeto. Porém, a vida sem o desconhecido significaria tornar-se uma ilha fixada em formas de ser e ver que, ao longo do tempo, se mostram insuficientes e cansativas. Estar aberto à potência da vida pode ser mais fácil para uns do que para outros, mas se mostra cada vez mais inevitável.