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Uma floresta de histórias – Material do professor

Uma floresta de histórias – Material do professor

Em “Uma floresta de histórias” vamos conhecer contos populares inspirados no folclore de sete povos recontados pela indiana Rina Singh.


Uma floresta de histórias: material do professor

Autor: Helen Cann

Editora: WMF Martins Fontes

Já sabemos o quanto as árvores são essenciais para nossa sobrevivência na Terra, mas talvez não tenhamos consciência do quanto elas são importantes para muitas culturas ao redor do mundo. 

Em “Uma floresta de histórias” vamos conhecer contos populares inspirados no folclore de sete povos e que foram recontados pela indiana Rina Singh. 

Em cada narrativa, os principais acontecimentos giram em torno de uma árvore, dotada de poderes mágicos, como a cerejeira ornamental da Índia, o castanheiro do Japão e o cipestre da China, entre outras. 

Um dos contos, por exemplo, gira em torno de uma lenda sobre uma árvore típica da Guatemala, chamada capoque, também conhecida como sumaúma no Brasil.

Segundo a lenda, essa árvore aprisiona qualquer pessoa que entra na floresta e se aproxima dela.  Será que nesta história alguém vai tentar? Por que faria isso? 

E as árvores das outras histórias, quais poderes devem ter? Você consegue imaginar? 

Prepare-se para descobrir muito sobre as culturas de diferentes povos por meio de algumas das mais belas espécies vegetais do planeta!“““

A proposta – Leitura compartilhada e conversa apreciativa sobre o livro “Uma floresta de histórias”

Habilidades da BNCC 

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

(EF02LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos literários, de gêneros variados, desenvolvendo o gosto pela leitura.

(EF02LP28) Reconhecer o conflito gerador de uma narrativa ficcional e sua resolução, além de palavras, expressões e frases que caracterizam personagens e ambientes.

Objetivos desta proposta

Espera-se que os estudantes possam:

  • Apreciar o livro observando a relação entre a narrativa criada e a cultura de um povo;
  • Conhecer algumas árvores, suas origens e importância para nossa sobrevivência;
  • Comparar as histórias a partir do elemento que as aproxima – as árvores;
  • Comentar suas impressões a respeito dos acontecimentos da narrativa, tendo uma postura crítica diante do uso das árvores e sua relação com os
  • Ouvir as ideias e impressões dos colegas e relacionar com o próprio ponto de vista.

Lendo com seus alunos o livro “Uma floresta de histórias”

O título é bastante sugestivo e explorá-lo pode ser um bom começo. Há um duplo sentido em “Uma floresta de histórias”, um sentido mais literal, pois há de fato uma floresta em cada narrativa, e um sentido figurado quando pensamos numa diversidade de histórias assim como é uma floresta. Costumamos também ouvir a expressão “um mar de histórias”, justamente para representar a imensidão que são as narrativas populares. 

Ler a introdução permitirá uma reflexão sobre a importância da preservação das árvores em nosso planeta, os usos que fazemos delas e o quanto elas são seres vivos mais antigos do planeta. Discutir o ditado muito utilizado em Nova Guiné, “Nossas florestas são um dom de nossos ancestrais que devemos transmitir a nossos filhos”, poderá contribuir para os estudantes compreenderem a missão que têm em mãos. 

Em seguida, apresente o sumário que contém o nome das histórias e o local de origem. Decidam juntos se seguirão a leitura pelo sumário ou farão uma agenda diferente, considerando os que geraram mais interesse em ler.  

Em cada conto, explore as informações sobre a árvore e suas características. Ajude-os a observar o formato como elas foram escritas, o lugar em que ocupam na página. Elas remetem ao que está embaixo da terra, a raiz.  Além disso, promova uma conversa que coloque em ação o que os estudantes sentiram, pensaram a respeito e também se apreciaram a forma como foi contada a narrativa. 

Em “O Cipestre”, por exemplo, uma sugestão de encaminhamento é ler até o momento em que os galhos da árvore sussurram nos ouvidos do mendigo (p. 9). Peça aos estudantes compartilharem o que pensam a respeito disso, o que os galhos poderiam dizer ao mendigo? Eles estariam a favor do dono da casa ou do mendigo? 

Depois de ler, pergunte a eles: quando descobrimos o que os galhos disseram ao mendigo? Onde é possível saber isso na história? Essa informação não está explicita no texto, no entanto é possível inferir uma vez que o mendigo propõe comprar a sombra da árvore, que convenhamos uma ideia totalmente inusitada. A questão, porém, é que se tratando do dono da casa, com sua avareza, podemos antecipar que o plano pode dar certo. 

Outro acontecimento que parece contraditório e interessante de discutir com a turma é o fato de o mendigo comprar a sombra por 25 moedas de ouro. Se ele era mendigo como poderia ter tanto dinheiro? 

Chamar os amigos para ficar embaixo da sombra também fazia parte de um plano maior do mendigo, mas novamente isso não está explícito na história, por isso, discutir essas questões com os estudantes podem gerar ótimos debates. Além disso, uma reflexão potente pode partir do pedido final do mendigo, a venda da sombra, que levou o dono da casa a ficar pobre e sozinho. 

Podemos analisar os dois personagens principais da história: o mendigo e o dono da casa, para observar uma inversão em algumas características. O mendigo era pobre e terminou rico, já o dono da casa o contrário. Essa mudança pode ser atribuída pela esperteza do mendigo e também pela ajuda da árvore mágica, em contrapartida podemos entender que tudo ocorreu pela avareza do dono da casa.

Cada conto pode gerar um movimento diferente de conversa. Explore o que cada narrativa oferecer de melhor para discutir com os estudantes. No final, depois de ler todas, a conversa apreciativa pode ocorrer a partir das preferências dos estudantes e também das semelhanças e diferenças entre os contos.

– De todas as histórias lidas, qual delas achou mais irreverente, qual te impactou mais? Por que fez essa escolha?

– Das árvores apresentadas no livro, qual delas você gostaria de conhecer pessoalmente? Justifique sua resposta.

– Se você pudesse dizer uma semelhança entre as histórias, qual seria? E uma diferença?

– Indicaria esse livro para colegas que não o conhecem? Se sim, o que destacariam?

Uma conversa genuína é o que esperamos desse momento que consideramos privilegiado na formação leitora das crianças, pela oportunidade de trocar com os colegas o que pensam e poderem se beneficiar de outros pontos de vista. 

Um desdobramento possível

Os livros selecionados para este mês tiveram como grande propósito oferecer ao leitor a oportunidade de conhecer diferentes culturas. Uma possibilidade de trabalho que complemente a história pode ser de investigar para saber mais sobre alguns aspectos tratados na obra, dentre eles: outras árvores típicas do nosso país e de outros que tenham interesse em saber mais; contos populares que têm árvores como personagens, entre outros temas de interesse dos estudantes. 

Esse estudo pode resultar em um painel da turma para compartilhar com a comunidade escolar o que descobriram. Como outros anos escolares também estão lendo livros que abordam distintas culturas, o resultado das pesquisas pode configurar uma verdadeira mostra dos trabalhos. 

Indicadores de avaliação

Ao longo do ano, os estudantes puderam ter contato com muitas e variadas histórias. Por isso, esse momento é privilegiado para avaliar o percurso leitor tanto do ponto de vista do ensino quanto da aprendizagem. 

Sugerimos que proponha uma autoavaliação para que os estudantes possam tecer comentários dos livros que mais gostaram, dos personagens preferidos, do gênero ou do estilo de um autor que gostariam de ler mais.  Essas conversas sobre o lido, a partir das preferências leitoras, contribui para que cada um tome consciência do percurso trilhado, retomando as experiências que tiveram para compará-las e pensarem em como dar continuidade. 

Além disso, vale uma retomada nos indicadores sugeridos ao longo das leituras para observar o avanço de cada estudante em relação aos comportamentos do leitor. Os indicadores são:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

Neste final de ano, vale observar se houve ou não mudanças em relação as leituras já feitas, para analisar os progressos do desenvolvimento dos comportamentos leitores de cada estudante e poder assim compartilhar sua análise em relação a isso, fazendo com que comparem com a própria autoavaliação.