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A África que você fala – Material do professor

A África que você fala – Material do professor

Em A África que você fala, Claudio Fragata e Mauricio Negro vão mostrar como a língua africana está presente em nosso cotidiano.


A África que você fala: material do professor

Autor: Claudio Fragata

Ilustrador: Mauricio Negro

Editora: Globinho

Você sabia que muitas palavras que falamos aqui no Brasil têm origem africana?  Sabia que farofa, acarajé, banana, quindim, fubá, entre tantas outras palavras vieram para cá junto com os africanos? Mas não são só as palavras que se referem à comida que herdamos da África, há também xodó, cafuné, moleque, muvuca e mais uma infinidade de outras opções.

A África que você fala, por meio de um texto poético, traz ao leitor palavras que usamos no cotidiano e que provavelmente nem sabemos de sua origem, muitas delas de diferentes línguas: Iorubá, Quimbundo, Quicongo.

Proposta: Leitura em voz alta feita pelo professor do livro “A África que você fala”

BNCC – objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

(EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.

(EI03EF07) Levantar hipóteses sobre gêneros textuais veiculados em portadores conhecidos, recorrendo a estratégias de observação gráfica e/ou de leitura.

(EI03EF08) Selecionar livros e textos de gêneros conhecidos para a leitura de um adulto e/ou para sua própria leitura (partindo de seu repertório sobre esses textos, como a recuperação pela memória, pela leitura das ilustrações etc.).

Objetivos desta proposta: 

Espera-se que as crianças possam:

  • Apreciar a história e comentar as impressões pessoais;
  • Observar a proximidade das culturas brasileira e africana nas palavras e também nos costumes.
  • Apreciar as ilustrações e comentar os efeitos produzidos;
  • Ouvir os colegas.

Lendo com as crianças o livro “A África que você fala“:

Para começar a leitura, a capa e o título da história podem ser boas portas de entrada para uma conversa sobre a obra. Ao observar a ilustração, vemos o perfil de uma pessoa ao mesmo tempo que encontramos uma outra tocando tambor. Será que as crianças viram? Instigue-as a observarem com calma cada traço e comentar o que veem e sentem. É possível notar que a boca é também um tambor. Ao abrirmos a capa, as crianças poderão notar a cabeça na íntegra. 

Durante essa exploração, pode ser interessante retomar o repertório musical das crianças fazendo relação com as canções que têm o batuque deste instrumento ou outras experiências que possuem com o tambor. Mencionar alguns sambas, músicas de carnaval e outros ritmos podem ajudar neste momento. 

Sobre o título vale uma conversa sobre o continente africano, levar o mapa-múndi e localizá-lo, comentando que é bem grande e dividido em muitos países, justamente para contrapor uma ideia recorrente de que África apresenta uma única característica. Perguntar se conhecem alguma região deste continente pode aproximar ainda mais as crianças deste universo cultural tão diversificado. 

A forma como a obra foi construída, seu projeto gráfico, permitem ao leitor conhecer essa cultura pelos traços, estampas e cores empregadas nas ilustrações e também no texto, por meio das palavras que são utilizadas em nosso cotidiano. 

Como há uma melodia nas estrofes criadas pelo autor, chame atenção para o ritmo produzido pelo emprego da linguagem escrita, observe junto as crianças as rimas: Congo com Quicongo; banana com africana; fuá com bafafá e tantas outras.  As palavras de origem africanas estão destacadas no texto com cores diferentes, fica fácil identificá-las. Uma conversa sobre elas pode ser muito interessante: 

– Quais palavras vocês conhecem e fazem parte do seu dia a dia?

– Quais nunca ouviram falar? Sabem o que significam?

Podemos também dividir as palavras por categorias: aquelas que se referem à alimentos, ao vestuário, aos animais, às línguas faladas, entre outros. Categorizar pode convidar as crianças a ampliar com outras palavras conhecidas que apresentam a mesma origem. 

Uma possibilidade de conversa depois da leitura pode ser conhecer os vários países mencionados no início do livro, vale procurar no mapa onde ficam essas regiões, conversar sobre curiosidades desses lugares e também sobre as línguas faladas que no texto se refere aos “falares”.  Você pode explicar, se necessário, que Iorubá, quimbundo e quicongo são as línguas faladas em alguns países da África. 

Vale destacar na conversa apreciativa alguns trechos, como este:

Você tem um pezinho na África

Se vai à praia de CANGA

Você tem dois pezinhos na África

 Se usa um colar de MIÇANGA

A exploração pode ser diversa, desde as rimas e a sonoridade promovida pelo uso das palavras até saber o que são canga e miçanga, estabelecer relações com o que conhece e/ou usa. 

Para além disso, vale destinar um tempo para apreciar cada ilustração. Por meio dela, a cultura africana é representada de forma poética e simbólica. O estilo de Maurício Negro revela uma África colorida, com estampas diversas e com uma beleza ímpar. Na página 16 é possível observar uma mulher de perfil e muitas características do vestuário, como o lenço na cabeça e o colar de miçangas. É possível observar uma regularidade nas formas no desenho de ambos, o colorido e o destaque do brinco. 

Além dessa imagem, tem outra na página 20 que mostra uma sequência de meninas, uma mexendo no cabelo da outra. O cuidado entre si, o jeito de arrumar os cabelos, as tranças, os detalhes das bijuterias, as roupas, tudo pode ser apreciado e comentado a partir dos efeitos que surgiram em cada leitor. 

No final, uma conversa em torno do que mais chamou atenção da turma, das palavras novas que conheceram, como cada passagem da história impactou cada um, entre outras perspectivas podem ser fonte de apreciações coletivas. 

Um desdobramento possível

Os livros selecionados para este mês tiveram como grande propósito oferecer ao leitor a oportunidade de conhecer diferentes culturas. 

Que tal pesquisar mais sobre a cultura africana que influencia o nosso modo de viver? Podem ser outras palavras, um jeito de cozinhar ou de se vestir, o que mais chamar atenção das crianças. 

Esse estudo pode resultar em um painel da turma para compartilhar com a comunidade escolar o que descobriram. Como outros anos escolares também estão lendo livros que abordam distintas culturas, o resultado das pesquisas pode configurar uma verdadeira mostra dos trabalhos.