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A Bela e a Fera e outros contos de fadas de Madame Leprince Beaumont – 5º ano

A Bela e a Fera e outros contos de fadas de Madame Leprince Beaumont – 5º ano

A Bela e a Fera e outros contos de fadas de Madame Leprince de Beaumont é resultado da tradução de contos originalmente escritos por Jeanne-Marie Madame Beaumont. O destaque é o fato de ter sido uma mulher quem escreveu uma das histórias mais conhecidas da atualidade – A Bela e a Fera – e, devido à falta de publicações desta incrível escritora, Susana Ventura e Cássia Leslie pesquisaram e traduziram outros doze contos.


Habilidades da BNCC

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.

(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou express

ões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.

(EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

(EF35LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, narrativas ficcionais que apresentem cenários e personagens, observando os elementos da estrutura narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do discurso indireto e discurso direto.

Objetivos desta proposta

Espera-se que os alunos possam:

  • Ler, apreciar os contos e compreender o contexto histórico de sua produção.
  • Comentar suas impressões pessoais, considerando cada vez mais os recursos literários e linguísticos empregados nos textos;
  • Ouvir os comentários dos colegas e se posicionar criticamente diante deles.
  • Desenvolver preferências leitoras e justificar suas escolhas.

A proposta – Leitura compartilhada e conversa apreciativa

A Bela e a Fera e outros contos de fadas de Madame Leprince de Beaumont é resultado da tradução de contos originalmente escritos por Jeanne-Marie Madame Beaumont. O destaque é o fato de ter sido uma mulher quem escreveu uma das histórias mais conhecidas da atualidade – A Bela e a Fera – e, devido à falta de publicações desta incrível escritora, Susana Ventura e Cássia Leslie pesquisaram e traduziram outros doze contos. Compreender o contexto histórico da produção destas histórias permite ao leitor analisar certas características dos personagens e comportamentos valorizados na narrativa. Jeanne-Marie foi uma mulher irreverente, casou-se, teve uma filha e divorciou-se, em pleno século XVIII. Foi considerada governanta altamente instruída e ensinava às meninas da aristocracia inglesa por meio de materiais de ensino que produzia, os contos de fadas eram escritos por ela e faziam parte deles.

Lendo com seus alunos

Para iniciar o processo de leitura compartilhada é fundamental conhecer quem foi Madame Beaumont. Há muitas informações sobre ela no final do livro, pode ser interessante ler sua breve biografia e as demais curiosidades a respeito da época em que viveu. Vale destacar que os contos foram traduzidos, o que significa que o trabalho de Susana Ventura e Cássia Leslie foi o de traduzir e adaptar expressões para uma melhor compreensão do leitor brasileiro. Tanto Susana como Cássia são escritoras, estudam e pesquisam sobre literatura, sobretudo, os contos de fadas. O contexto histórico e o fato de os contos comporem a Magazine das crianças, que tinha como finalidade ensinar boas condutas e comportamentos, podem ser relacionados às características de alguns personagens, como os príncipes que exibiam coragem, honra, respeito em vários contos.

Comparar com o tempo histórico de outros grandes escritores como Perrault, francês como Madame Beaumont, Irmãos Grimm e Andersen pode dar a real dimensão do feito histórico e de sua importância na literatura para crianças.

Começar a leitura pelo conto A Bela e a Fera e conversar a respeito das versões conhecidas pelos estudantes podem instigá-los a conhecerem a versão original, que talvez seja diferente da que conhecem ou da qual é veiculada em filmes e série. Peça que comentem os principais acontecimentos desta história e depois leia o conto na íntegra. Como é extenso, você pode optar por dividi-lo em dois momentos e, se isso ocorrer, não deixe de pedir que os estudantes antecipem o que vai acontecer e, no momento que for dar continuidade a leitura, de retomar os principais episódios narrativos lidos.

Além de comparar o texto lido com outras versões para discutirem semelhanças e diferenças, vale a pena conversar sobre a bondade de Bela e as atitudes da Fera.

  • Se você fosse o comerciante, o pai de Bela, teria agido da mesma forma? O que te faz pensar assim?
  • Quando é possível o leitor saber que a Fera não era tão malvada? Cite algumas passagens do texto.
  • Como vocês se sentiram quando Bela foi aprisionada por Fera? Acharam justa a troca?
  • Releia quando Bela aceitou se casar com Fera (página 40): quais transformações ocorreram?

Outra forma de encaminhar a leitura dos contos é dividir a turma em seis grupos para que leiam contos diferentes. A sugestão é três grupos lerem O príncipe Azarado e o Príncipe Sortudo e os demais lerem O príncipe Charmoso. A orientação para depois da leitura é conversar sobre as impressões que a narrativa causou e discutir as características dos príncipes em cada história. Peça que selecionem descrições e ações de cada príncipe que marcam suas particularidades para, em seguida, compartilharem com o restante da turma. Para este momento, é importante que contem brevemente a história, para os que não leram compreender o texto, e compartilhem as discussões feitas. A ideia é que um grupo que leu o mesmo conto complemente os comentários dos colegas. No final, peça a leitura do conto que não foi lido pelos estudantes como lição de casa.

Essa discussão pode ser ampliada com a leitura de outros contos cujos príncipes são protagonistas, como o príncipe Titi, Inteligente e Desejo. Cada um a seu modo, são personagens que atravessam desafios, têm ajuda de fadas e outros elementos mágicos e conseguem um final feliz pela benevolência.

Em contrapartida, outros contos trazem aspectos diversos, como o Conto dos três desejos, em que um casal pobre sente inveja dos vizinhos ricos porque queriam ter o que não podiam, mas uma fada aparece e concede a realização de três únicos pedidos. Era preciso pensar muito, queriam tantas coisas e no meio dos pensamentos e conversas, se atrapalham e desperdiçam os pedidos, ficando do mesmo jeito que tinham começado a história. Chega a ser engraçado a conversa entre o marido e a mulher porque ela, com fome, pensa e fala que queria linguiça, a linguiça aparece, mas quando descobriu que era um desejo realizado, o marido ficou bravo com a esposa e disse que a linguiça deveria ficar colada em seu nariz, o que de fato ocorreu. Por fim, para acabar com aquilo tudo, o último pedido teve que ser que a linguiça caísse no chão, desperdiçando a grande oportunidade de mudarem de vida.

Fica claro que as boas virtudes estão presentes em todos os contos, seja nas características das personagens, seja em suas ações, ou ainda nos finais felizes que evidenciam claramente as boas atitudes. O contexto histórico e de produção dos contos ajuda o leitor a compreender a importância destas histórias no ensino das meninas. Entretanto, com a evolução dos estudos sobre a literatura sabemos que esta não se resume a ensinamentos e valores, mas ao seu valor artístico, por tratar de conteúdos atemporais, cujos conflitos vividos pelos personagens possuem em seu bojo questões humanas – permitindo que essas histórias sejam valorizadas até hoje.

Um desdobramento possível

A leitura e o estudo do contexto histórico vivido por Madame Beaumont podem ser compartilhados com outros colegas da escola. A forma pode ser definida por vocês: um vídeo, um mural, uma exposição com uma breve apresentação da autora seguida de leitura em voz alta de um conto preferido da turma ou de uma indicação da obra. A depender da escolha, faça os ajustes necessários a cada modalidade; listem os principais dados da biografia da autora bem como sobre a época em que ela viveu na França, em seguida, peça que os estudantes ditem para você uma apresentação que considere os pontos elencados na lista.

Se o complemento for a leitura em voz alta de um conto, é preciso se preparar para isso. Qual será a divisão do texto entre os estudantes da turma? Como será feito o ensaio? Haverá uma apresentação para os colegas antes de fazer a apresentação oficial?

Se optarem pela indicação literária, quais aspectos da obra merecem ser destacados? Há contos preferidos? Quais informações da autora serão compartilhadas? Qual é a opinião dos estudantes sobre a obra? Essas são algumas das decisões que podem ser tomadas coletivamente para esse momento.

Indicadores de avaliação

Ao longo das situações de leitura, alguns indicadores poderão nortear a observação e análises dos avanços de cada estudante em relação a certos comportamentos do leitor:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

– Confrontam com os colegas distintas interpretações sobre o lido?

Essas questões podem nortear a avaliação do desenvolvimento dos comportamentos do leitor de cada estudante e contribuir para reorientar a prática pedagógica de leitura.