Ao receber o livro Selvagem de Roger Mello pela curadoria da Taba na Escola, fui impactada. Foi uma leitura da narrativa visual que ocorreu inúmeras vezes, sempre buscando fazer uma análise minuciosa de todos os detalhes. Observando o tempo e intencionalidade da narrativa de cada imagem, eu buscava criar intimidade com a obra para realizar o encontro do livro com os alunos através da mediação.
Selvagem foi uma obra que me tirou da zona de conforto e demandou um tempo maior de estudo e preparação para esta vivência do livro junto aos alunos do primeiro ano.
Para a primeira vivência com o livro, fui com os alunos em um espaço aberto, arborizado e carinhosamente batizado pelos alunos como cantinho literário. Convidei os alunos a aquecerem a imaginação e o coração e imaginarem que eram detetives literários e orientei a observarem a cada detalhe atentamente de cada página.
E assim iniciei a mediação do livro diante de muitos olhinhos brilhantes, atentos e curiosos. A cada página folheada nascia uma grande chuva de comentários e questionamentos. Este momento foi uma potente experiência junto ao livro.
No segundo momento cada aluno estava com os seus livros em mãos e eles foram convidados a explorar a materialidade da obra, analisando, formato, textura, papel da capa. Entre tantas conversas um aluno destacou que gostava de o livro ter capa dura e observou o número de páginas. Eles se questionavam por que o Roger não explorou mais cores vibrantes no livro. E assim ele foram construindo um forte diálogo.
A partir destas informações e com o livro em mãos eles se colocaram como detetives e passaram a analisar minuciosamente página por página.
E esta prática aconteceu por inúmeras aulas e foi tão bonito que a cada vivência o livro ecoava encantamento, pois os alunos sempre traziam uma nova hipótese e ressignificavam o olhar referente as imagens.
As crianças, mesmo depois de vários momentos de mediação e observação do livro, não se cansavam de explorar o livro. A cada encontro era sempre uma explosão de ideias, questionamentos. Este momento da escuta e partilhas de opiniões entre os educandos foi extremamente prazeroso e enriquecedor. Fechamos esta etapa com gostinho de quero mais, pois quanto mais eles exploravam a obra, mais surgiam novos olhares e opinião referente a leitura de imagem.
Diante de tanto engajamento e alegria dos alunos com este livro, passei a refletir como poderia propor à turma uma releitura desta obra tão impactante, apaixonante e que despertou tantas partilhas. Queria ofertar a eles algo com muita ludicidade e no processo de pesquisa achei que o brincar seria uma boa opção.
Propus aos alunos, para finalizar a vivência com o livro Selvagem, que fizéssemos uma oficina brincante, inspirada em uma passagem da obra.
Depois de analisar a obra, decidi realizar uma oficina de confecção de um porta-retrato pois é um objeto de muito destaque no livro. Os alunos participaram de todo processo colando, dobrando, desenhando o personagem de sua preferência e colando em uma tira de papel, proporcionando movimento de vai e vem ao personagem.
Finalizamos com o livre brincar e cada aluno realizou a releitura do livro Selvagem de forma brincante.