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Contos de Fadas – 1º ano

Contos de Fadas – 1º ano

Contos de Fadas reúne vinte histórias dos grandes escritores que brindaram o leitor com o registro das narrativas que eram contadas pelo povo, como é o caso dos Irmãos Grimm, e de criação do enredo, como é o caso dos demais. O grande diferencial da obra é o fato de ser uma tradução dos textos originais, ou seja, os estudantes terão contato com a versão escrita pelos próprios autores.


Habilidades da BNCC

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

(EF15LP16) Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor e, mais tarde, de maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas, acumulativos, de assombração etc.) e crônicas.

(EF01LP26) Identificar elementos de uma narrativa lida ou escutada, incluindo personagens, enredo, tempo e espaço.

Objetivos desta proposta

Espera-se que os alunos possam:

  • Apreciar os contos de fadas e comparar com outras versões conhecidas;
  • Compreender o fato de as histórias serem traduzidos dos livros originais, onde esses contos foram publicados e fazer relação com o tempo histórico;
  • Conhecer os grandes autores destes contos e poder comparar os estilos de cada um;
  • Ouvir as ideias e impressões dos colegas e relacionar com o próprio ponto de vista.

A proposta – Leitura compartilhada e conversa apreciativa

Contos de Fadas reúne vinte histórias dos grandes escritores que brindaram o leitor com o registro das narrativas que eram contadas pelo povo, como é o caso dos Irmãos Grimm, e de criação do enredo, como é o caso dos demais. O grande diferencial da obra é o fato de ser uma tradução dos textos originais, ou seja, os estudantes terão contato com a versão escrita pelos próprios autores. Outro ponto alto é que dentre a lista disponíveis encontramos Beaumont, com A Bela e a Fera, e Jacobs, com João e o pé de feijão e A história dos três porquinhos. Estes autores menos conhecidos pelos leitores infantis poderão ser apreciados, o que permitirá conhecer uma versão não tão difundida. Isso também pode acontecer com os demais contos e conversar sobre esse aspecto constitui um dos grandes motivos pelos quais essa obra é selecionada para ser lida com as crianças. Há uma expectativa que a Educação Infantil promova diversas situações de leitura para que conheçam uma variedade de contos e, é imprescindível, ampliar o repertório ao longo do Ensino Fundamental, pelo valor na formação psíquica, social e leitora das crianças. Na Apresentação da obra, Ana Maria Machado afirma: “Conhecer contos de fadas é importante para nos conhecermos. E, como este livro comprova, é uma forma de encantamento literário.” Os contos são, portanto, portas de entrada para nos conhecer melhor, mas também para interagir com o outro por meio das conversas que este livro pode gerar.

Lendo com seus alunos

Como se trata de uma obra mais extensa, com vinte contos reunidos, há vários encaminhamentos possíveis, o importante é garantir uma agenda de leitura que permita ao estudante compreender a rotina e poder criar expectativas para esse momento. A depender dos propósitos, um ou outro conto pode ser lido em casa com os familiares e retomar para escola para compartilharem as conversas feitas. Como são contos mais extensos, espera-se um adulto para ler em voz alta e mediar a conversa. Além disso, pode ser que seja necessário dividi-los para serem lidos em mais de um dia, se isso ocorrer é importante planejar as paradas estratégicas de modo a criar uma expectativa no leitor dos próximos acontecimentos, para anteciparem o que pode acontecer e verificar depois se o que pensaram fazia sentido ou foi de fato o que aconteceu.

Como os textos estão divididos por autores, é interessante conhecer mais sobre eles, a vida, o tempo em que viveram, uma curiosidade sobre eles. Um mural na sala de aula com informações sobre a vida, obra e uma linha do tempo, para marcar a época em que esses contos foram escritos, pode se configurar uma experiência incrível para que, paralelamente a apreciação das obras, se vai também compreendendo mais e expandindo as informações culturais, da época, da forma como os contos foram coletados e/ou produzidos. A ideia é que esse mural seja construído aos poucos, que se inicie com uma imagem dos autores, algumas informações e que, no decorrer das leituras, novas pesquisas sejam feitas e incorporadas. As próprias leituras podem oferecer material para o mural, a comparação entre versões conhecidas, a opinião de um estudante, a indicação literária entre outras opções que podem surgir destes momentos.

Vale notar que nos textos de Perrault, há no final de cada um, uma moral. Considerando o contexto histórico, estas histórias foram criadas como uma forma de ensinar as crianças um comportamento ou valor. Devido a isso, ainda hoje imperam práticas de leitura na escola em que o objetivo é tirar uma moral da história, um ensinamento. Pesquisas apontam a literatura para crianças e jovens em uma nova perspectiva, ocupando um lugar de destaque no currículo da escola, assim como Ana Maria Machado defendeu na introdução, os contos nos permitem nos conhecer melhor, conhecer o outro e o mundo. A linguagem literária, potente e complexa, permitirá um desenvolvimento mais efetivo das competências leitoras.

Sobre o encaminhamento das leituras, a cada conto lido promova um espaço de conversa para que os alunos possam falar dos personagens, de suas ações e da forma como eles são descritos, dos protagonistas e dos antagonistas. Nestes contos sempre há um vilão que quer prejudicar as princesas, os personagens benevolentes.

Perguntas podem fazer parte desse momento:

  • No decorrer da história você mudou de opinião a respeito de alguma personagem? O que fez você mudar?
  • Você conhece outra versão desta história? Se sim, o que é semelhante e o que é diferente? Qual você prefere?
  • Quando você estava ouvindo esse conto, lembrou de algum outro? Em qual passagem?
  • Vamos retomar uma passagem do texto que vocês se encantaram com a beleza da escrita?

Uma possibilidade interessante de comparação entre as versões é a leitura de Chapeuzinho Vermelho, escrito por Perrault e Irmãos Grimm. Se possível, leia um conto seguido do outro, em dias alternados, garantindo a conversa de cada um deles. Em seguida, promova uma discussão sobre o que permanece em ambas as versões e o que muda, um exercício potente porque os estudantes poderão analisar os acontecimentos, a forma como cada autor escreveu certas passagens da história, como descreveu os personagens e o desfecho de cada um.

A partir dessa conversa e da leitura de outros contos escritos por Perrault, será possível observar que os textos deste autor são mais cruéis, assustadores, enquanto os escritos pelos Irmãos Grimm sempre têm um final feliz. Observar a reação e as preferências dos estudantes é uma premissa na formação dos leitores. Outras análises podem fazer com que constatem que as histórias de Andersen são mais tristes porque tratam de questões como pobreza, rejeição, solidão. Está nessa diversidade de sentimentos que podem gerar essas histórias, nos diferentes estilos de escrita, a riqueza do trabalho que fazemos com os contos de fadas.

Vale destacar que A história dos três porquinhos apresenta um trecho bastante diferente da versão que comumente os estudantes conhecem. Depois que o lobo mau não consegue entrar na casa do terceiro porquinho, ele tenta a todo custo fazer com que o bicho saia de sua casa com a clara intenção de comê-lo, mas isso também não acontece, deixando o lobo furioso.

Depois de ter lido o livro todo, uma nova conversa precisa ser organizada para comentários gerais que envolvem todos os contos, destacando preferências, algo que nunca tinham ouvido ainda ou alguma menção aos autores dos contos.

Um desdobramento possível

O mural construído ao longo das leituras pode ser compartilhado com os outros colegas da escola e/ou familiares. Selecionar as informações que constam ali, como biografia e imagem dos autores, uma curiosidade e comentários diversos sobre os contos podem ser base para a elaboração de um mural a ser compartilhado no pátio. Outra possibilidade seria organizar um encontro para o público ir até a sala de aula para os estudantes contarem o processo de leitura, os contos lidos, suas impressões e opiniões. Tudo isso corrobora para ampliação da comunidade de leitores na escola, com comportamentos típicos dos leitores – compartilhar com o outro as histórias e impressões sobre o lido.

Indicadores de avaliação

Ao longo das situações de leitura, alguns indicadores poderão nortear a observação e análises dos avanços de cada estudante em relação a certos comportamentos do leitor:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

Essas questões podem nortear a avaliação do desenvolvimento dos comportamentos do leitor de cada estudante e contribuir para reorientar a prática pedagógica de leitura.