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A Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo – 2º ano

A Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo – 2º ano

Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo contém sete contos que apresentam como característica principal a possibilidade de o leitor ver e analisar acontecimentos do cotidiano a partir de outras perspectivas, de um outro ponto de vista. Todas as narrativas vêm da tradição oral de culturas orientais e se conserva os saberes e experiências acumuladas por gerações.


Habilidades da BNCC:

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

(EF02LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos literários, de gêneros variados, desenvolvendo o gosto pela leitura.

(EF02LP28) Reconhecer o conflito gerador de uma narrativa ficcional e sua resolução, além de palavras, expressões e frases que caracterizam personagens e ambientes.

Objetivos desta proposta:

Espera-se que os estudantes possam:

– Apreciar os contos e compartilhar as impressões pessoais;

– Estabelecer relação entre o título do livro e as narrativas, considerando a ampliação do olhar, os outros jeitos de ver o mundo, a partir das dos questionamentos e ações dos personagens.

– Desenvolver preferência leitora, escolhendo um conto e justificando os motivos;

– Ouvir os comentários dos colegas e ser capaz de comentá-los.

Proposta: Leitura compartilhada e conversa apreciativa

Formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo contém sete contos que apresentam como característica principal a possibilidade de o leitor ver e analisar acontecimentos do cotidiano a partir de outras perspectivas, de um outro ponto de vista. Todas as narrativas vêm da tradição oral de culturas orientais e se conserva os saberes e experiências acumuladas por gerações. Em Zabeidas, trolas, pimoras, gripas, por exemplo, quatro homens de quatro regiões diferentes enfrentam o mesmo problema e conseguem chegar a uma mesma solução, porém como a língua é diferente quase não conseguem resolver a questão. Em A Formiga Aurélia, conto que dá nome ao livro, as formigas vão aumentando sua compreensão do mundo a partir do olhar do outro. A leitura destas histórias tem como objetivo despertar um olhar sensível, mais abrangente para as questões, muitas vezes filosóficas, sobre a vida.

Lendo com seus alunos

A leitura do livro prevê um planejamento inicial do professor para organizar a rotina de leitura e pensar em modos de se adentrar ao livro, ou seja, formas de apreciar as histórias. A proposta é que a partir da leitura de cada conto se abra espaço para conversas em torno de algumas chaves de leitura possíveis, dentre ela: a relação entre os personagens e como o enredo constitui uma maneira de ampliar os pontos de vista do leitor.

Em A Formiga Aurélia, o primeiro conto, a coragem de uma formiga de ir para longe do formigueiro fez com que descobrisse um piso diferente, branco e todo liso, e ainda por cima, passível de ser marcado por riscos feitos por um graveto. A curiosidade da formiga fez com que falasse com outras colegas, inclusive uma cientista, para descobrirem o que era aquilo. Interessante a divisão de classes, típica dos formigueiros, também marcada na história, no entanto elas apresentam características humanas, por isso Deolinda escuta música e dança com seu Walkman. Vale uma explicação aos estudantes sobre este aparelho sonoro que hoje não existe mais devido ao avanço tecnológico: antes, as músicas eram ouvidas por fitas cassetes no Walkman. A descrição feita por várias formigas, conforme cada uma delas ia até a folha em branco, ampliou o que estava para além do graveto, dos dedos, da mão, do braço, porém tudo isso feito de forma cifrada, pois quem olha não sabe o que cada parte significa. Isso é revelado no texto, na página 15. Uma dica: aqui, vale uma parada na leitura para perguntar aos estudantes sobre os elementos narrados a partir do ponto de vista das formigas. Eles conseguiram notar que o graveto se refere a um lápis? E que o restante, tratava-se de partes de uma pessoa?  Passou o tempo e a formiga Aurélia teve filhos e netos; depois de ouvir muitas vezes a mesma história, uma de suas netas questiona o sentido desses rabiscos. Essa pergunta se difere das anteriores, pois não está mais no que são e sim no que significam. Vale notar que a descrição da neta é que ela é especial, pois gostava de contar estrelas. A sensibilidade, a forma de ser no mundo revela novos questionamentos.

O mesmo acontece em Os artistas chineses e gregos: é pelo olhar de um menino, Shakur, que conseguimos ver para além das aparências e saber que os artistas gregos venceriam a grande disputa com os chineses. Tudo o que os artistas faziam estava escondido por tapumes e os moradores da cidade só conseguiam ver os materiais pedidos. Os chineses pediam tintas, fios de ouro, enquanto os gregos pediam sabão e muitos panos. Todos apostavam na vitória dos chineses, pelas porcelanas e sedas, e só o menino Shakur acreditava nos gregos. A descoberta de uma parede limpa e vazia, que à luz do sol, reluzia a parede dos chineses fez com que a pintura tivesse outros matizes, deixando-a ainda mais linda. Durante a leitura, chame atenção para os materiais pedidos pelos chineses e gregos e peça aos estudantes anteciparem o que cada um pode estar fazendo. Antes de anunciar o vencedor, faça uma enquete para ver qual povo venceria, pedindo que justifiquem suas ideias. No final, deixe os comentários surgirem, destaque o menino Shakur, sua descrição e ações ao longo da narrativa.

Quando terminar de ler todo o livro, pergunte aos estudantes:

  • Qual conto lido vocês mais gostaram? Por que escolheram esse?
  • Todos os contos mostram um jeito diferente de olhar o mundo. Vamos retomar de que maneira em cada conto foi feito isso?
  • Qual dos contos vocês acham que ajudou a pensar de um jeito diferente? Por quê?

Por fim e não menos importante, apresentar a autora e a ilustradora do livro pode ampliar os conhecimentos literários dos estudantes. Regina Machado é uma grande referência em narração oral de histórias, algumas registradas por ela, e Ângela Lago é outra referência como ilustradora e autora de muitos livros que podem ser conhecidos por eles. 

Um desdobramento possível

Ao longo da leitura dos contos, é possível que tenham feito bastantes comentários que revelem a mudança na perspectiva do olhar, de ver o mundo de um jeito diferente. A pergunta sugerida no final “Qual dos contos vocês acham que ajudou a pensar de um jeito diferente? Por quê?” pode contribuir para que comentários interessantes surjam. A proposta é criar um mural que compartilhe com a comunidade escolar as discussões e as reflexões que suscitaram a leitura do livro. Pode ser interessante apresentar a obra e elaborar um texto, coletivamente, que favoreça reflexões sobre aspectos que possam despertar o interesse de outros leitores. E, junto a isso, cada estudante, individualmente ou em duplas, escreve um comentário para compor o mural.

Indicadores de avaliação

Ao longo das situações de leitura, alguns indicadores poderão nortear a observação e análises dos avanços de cada estudante em relação a certos comportamentos do leitor:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

Essas questões podem nortear a avaliação do desenvolvimento dos comportamentos do leitor de cada estudante e contribuir para reorientar a prática pedagógica de leitura.