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Contos novos

Contos novos

O paulistano Mário de Andrade perseguiu a perfeição narrativa e poética ao longo de sua vida de escritor. Ele atinge essa meta na maioria das nove narrativas que integram os Contos novos, algumas delas figuram constantemente nas listas mais importantes que elegem os melhores contos do século XX. Entre as divisões possíveis para o volume, com o objetivo de orientar a leitura, a mais aludida é a que separa os contos narrados em 1-ª pessoa dos narrados em 3-ª pessoa. Os primeiros carregam alto teor biográfico, de onde sobressai a voz de Juca. Se colocadas em ordem cronológica, elas cobrem da infância (“Tempo de camisolinha”) à entrada na vida adulta (“Peru de natal”), entremeados por duas histórias da adolescência, nas quais sobressai a temática amorosa.


Resenha
O paulistano Mário de Andrade perseguiu a perfeição narrativa e poética ao longo de sua vida de escritor. Ele atinge essa meta na maioria das nove narrativas que integram os Contos novos, algumas delas figuram constantemente nas listas mais importantes que elegem os melhores contos do século XX. Entre as divisões possíveis para o volume, com o objetivo de orientar a leitura, a mais aludida é a que separa os contos narrados em 1-ª pessoa dos narrados em 3-ª pessoa. Os primeiros carregam alto teor biográfico, de onde sobressai a voz de Juca. Se colocadas em ordem cronológica, elas cobrem da infância (“Tempo de camisolinha”) à entrada na vida adulta (“Peru de natal”), entremeados por duas histórias da adolescência, nas quais sobressai a temática amorosa. Os narrados em 3-ª pessoa são protagonizados por diversos tipos característicos do cenário paulista da época, com destaque para “O poço”. Impecável na composição, acerta em cheio a sensibilidade do leitor, que se indigna com a frieza e o egoísmo de um fazendeiro cuja aparência reluz uma camada de afeto por seus humildes trabalhadores, mas fragilmente abalada pela crueldade autoritária que vibra em sua natureza, pois nem chega a hesitar entre a satisfação de um capricho e a vida de um dos homens da sua fazenda.
Trecho do livro
“E o rapaz não aguentou o olhar cutilante do patrão, baixou a cabeça, foi se despindo. Mas ficara ainda mais lerdo, ruminando uma revolta inconsciente, que escapava na respiração precipitada, silvando surda pelo nariz. A visita percebendo o perigo, interveio…” Trecho do conto “O poço”, p. 66