Literatura e alfabetização infantil podem andar lado a lado. O processo de alfabetização é um marco, uma passagem, uma alegria que como tal, deve ser celebrada.
Aos poucos reconhecer os símbolos, decodificar palavras, frases, parágrafos inteiros. Cada passo é uma conquista não só da criança, mas também da rede de adultos que participam desse processo: professores na escola e familiares em casa.
Sabemos que a tarefa de ensinar uma criança a ler e a escrever é árdua e exige dos profissionais estudos e dedicação especial pelo tema. A família, porém, pode e deve participar deste processo. Para que isso aconteça, podemos contar com a literatura como poderosa aliada.
Quais livros escolher?
Os livros e sobretudo os momentos de mediação de leitura podem contribuir muito com na alfabetização na educação infantil. Todos os bons livros e as boas histórias! Escolher livros adequados a esse momento, porém, facilita e contribui para o sucesso da empreitada.
Livros infantis com abecedários, contos de fadas, contos de acumulação e de repetição são grandes destaques para este período inicial da vida leitora. A Taba recomenda e muito a leitura de livros com essas características.
No post do blog 30 obras incríveis para seu filho, há explicações sobre esses diferentes gêneros literários e também indicações de como contribuem no processo de aprendizado das crianças.
Poemas, cantigas e parlendas também são famosos nesse cenário. Vale a pena conhecer a lista construída pela Taba e organizar momentos de leitura intercalando e apresentando os variados gêneros sugeridos.
Para adentrar o mundo das letras
Como sabemos, a alfabetização de crianças permite o acesso a um mundo novo, o mundo escrito, repleto de informações e descobertas.
Poderíamos pensar que a literatura é apenas mais um dos tipos de texto que uma criança pode conhecer quando passa a dominar o processo de decodificação da linguagem.
Talvez o importante seja destacar o potencial da literatura para conquistar a criança e trazê-la com gosto para o mundo das letras e das histórias que podemos construir com elas.
Ao proporcionar que as crianças conheçam outras vidas, outros enredos e outros mundos e que se encantem com isso, a literatura pode ser mais do que texto escrito e decodificado, pode ser porta para desvendamentos e mergulhos profundos.
A alfabetização na educação infantil pode ser anzol que fisga o leitor e faz dele mais leitor, ou, um leitor dedicado e consciente das alegrias que aquele imenso – alegre e também árduo – processo de alfabetização de que falávamos acima pode lhe proporcionar.
Literatura e alfabetização: nem sempre é fácil
Na leitura do texto “Elogio da dificuldade: formar um leitor de literatura“, de María Teresa Andruetto (2017), fica evidente que as sensações de desafio, dificuldade e conquista, no âmbito da leitura, normalmente caminham juntas e bem próximas.
Isto quer dizer que é possível identificar certo prazer no desvendamento de livros de difícil compreensão, como se logo após o momento de aflição e dúvida viesse também o ímpeto de decifrar o sentido ali exposto.
O resultado do empenho traria tamanho prazer ao esforçado e concentrado leitor, que acabaria funcionando como convite às futuras aventuras.
Enfrentar os desafios da leitura pode ser cansativo e trabalhoso na alfabetização infantil, mas esses desafios podem também funcionar como estímulo e vontade de seguir adiante com as novas leituras.
A ideia da dificuldade e de um enfrentamento corpo a corpo entre texto e leitor não é nova e foi trazida à tona por alguns autores como Graciela Montes e Guillermo Martínez.
Estes são autores retomados por Andruetto neste pequeno ensaio sobre a dificuldade, para contrapor uma noção sobre leitura que na boa intenção de tentar convidar, ou até convencer os jovens leitores para sua prática, escolhe caracterizá-la como algo simples e somente associada ao prazer.
Nesse caso, esquece-se, portanto, que a leitura pode ser também dificuldade, treino e concentração, permeada por muito empenho e, porque não, por prazer!
Durante o processo de alfabetização as dificuldades já podem aparecer. É provável que continuem surgindo conforme o leitor se desenvolve e se depara com textos novos e cada vez mais complexos.
Como mediadores, é importante estarmos conscientes desse caminho, sugerindo livros que acompanhem esse processo.
Como mediadores, é importante sobretudo confiar no processo, reconhecendo nas dificuldades que surgem também a possibilidade da conquista!