
Livros divertidos para crianças de todas as idades
Quem está precisando dar boas risadas pode contar com os livros. Há diversos livros divertidos para alegrar crianças e adultos. Conheça!
Umberto Eco já era um famoso professor e pesquisador quando decidiu escrever literatura. Sabe qual foi o tema de seu primeiro livro, “O nome da rosa” (1980)? O riso! O romance histórico cheio de crimes e suspense expõe o temor ao riso numa comunidade religiosa.
Temor ao riso? Sim! Os estudos de história, cultura e psicologia se entrelaçam na compreensão de que rir é libertador, tanto diante de opressões sociais como particulares.
As pesquisas sobre o carnaval e o humor expõem que através do riso hierarquias sociais foram (são) questionadas e, no ambiente medieval do livro, o riso era visto como uma insubordinação, um risco ao controle de si.
No século XX, o riso ganhou status, pois investigações sobre o corpo humano comprovaram que, quando rimos, estimulamos endorfina e serotonina, que são os hormônios do bem-estar: a terapia do riso, desenvolvida a partir da década de 1960 afirma que o riso fortalece o sistema imunológico, protege contra doenças do coração e combate a depressão! Não à toa vemos o sucesso de projetos como os Doutores da Alegria nos hospitais.
Já se convenceu que o ditado popular traz sabedoria e que não há nada como uma boa gargalhada para espantar o medo, quebrar uma tensão ou nos alimentar de pura energia?
Então, vamos valorizar os livros divertidos!
Risadas literárias
O mundo está mesmo muito diferente. Hoje há cursos e oficinas sobre a importância do ‘brincar livre’ para as crianças. O que isso nos diz sobre a nossa sociedade? Que estão controlando até as brincadeiras? Pois é… a saudável atenção à criança e suas necessidades parece estar dando lugar a uma ansiedade sobre estímulos e resultados e vemos os responsáveis por crianças – parentes, cuidadores, professores – imbuídos de um controle que os faz esquecer da importância da vida, do acaso, do inesperado e até do riso.
Quando procuram livros para crianças, por exemplo, se informam sobre como eles podem ajudar nisso ou naquilo, como se a literatura tivesse um fim pedagógico.
São capazes de fazer cara feia para livros de imagens, na preferência absoluta de que seus pequenos aprendam a ler (esquecendo que a habilidade leitora não é apenas alfabética), ou de livros que não tenham uma moral específica, que ‘eduquem’.
Será que esqueceram o quanto é gostoso estar junto sem fazer nada? Que a vida e o desenvolvimento de nossas habilidades e competências não resulta apenas do ‘ter que’ fazer algo? Esqueceram como, muito além da nossa própria risada, a gargalhada de crianças nos enche de sensações boas, apagando por instantes as referências ruins ou pesadas e nos invadindo de leveza e esperança?
Será que esqueceram que a literatura pode até ser ferramenta para outras coisas – como um professor usa um filme ou uma música para construir uma aula ou um historiador para compreender melhor as ideias e valores da sociedade que produziu a obra -, mas que ela não se criou para esses fins? Esqueceram que, como o cinema ou a música, como uma pintura ou uma escultura, a literatura é arte?
Fruir a vida, fazer sentir, nos transportar para diferentes lugares, expandir nossas sensações e experiências e, entre, elas, sem dúvida, fazer rir. De situações, de inusitados, de si mesmo. O riso como uma forma de interagir com o mundo, refinando nosso olhar e senso crítico. O riso como promotor de aproximações e amizades, assim como da capacidade de deixar para lá, tão necessária numa vida que é puro movimento e mudança.
Livros imperdíveis para quem quer rir e se divertir
Certa vez, li “Jacaré, não!” em uma escola de educação infantil, com muitas crianças. Já tinha experimentado essa leitura em uma roda com menos crianças e alguns adultos. Escolha certeira!
Quem conhece o livro, sabe: a antecipação do que viria, o incômodo da criança do enredo, o absurdo das situações… gargalhada na certa! Uma história de pai e filha em estrutura simples que encanta os bem pequenos por brincar com a repetição e o nonsense.
Outro livro que é companheiro do riso é o Vigário de Mastigassílabas, de Roald Dahl e Quentin Blake: escolha adequada para quem desejava uma atividade para levantar o astral. As confusões provocadas pela fala do vigário são impagáveis.
Não há como não ter um sorriso estampado ao ler os absurdos limeriques de Tatiana Belinky – Limeriques estapafúrdios e Limeriques do bípede apaixonado -, mas livros divertidos não precisam ser só de risadas. Os interativos de Hervé Tullet – Aperte aqui e O livro com um buraco – assim como o de B. J. Novak – O livro sem figuras – rendem boas horas de troca e alegria, assim como o recente Olha! Olha! de Bruna Lubambo, que foi enviado aos assinantes da categoria Bebês pelo Clube de Leitores A Taba. Neste livro, com a possibilidade de recortar máscaras ou partes de um rosto, a brincadeira vai muito além da leitura imediata.
E você, qual seu livro preferido para dar boas risadas?