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Não era uma vez – 4º ano

Não era uma vez – 4º ano

Não era uma vez traz uma releitura dos contos clássicos escrito por autores latino-americanos. Cada conto é narrado a partir de um ponto de vista irreverente e, na maioria deles, com muito humor.


Habilidades da BNCC

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

 (EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.

(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.

(EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

(EF35LP25) Criar narrativas ficcionais, com certa autonomia, utilizando detalhes descritivos, sequências de eventos e imagens apropriadas para sustentar o sentido do texto, e marcadores de tempo, espaço e de fala de personagens.

(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado.

Objetivos desta proposta

Espera-se que os alunos possam:

  • Apreciar os contos recontados e comparar com as versões clássicas conhecidas;
  • Ampliar o conhecimento sobre os autores;
  • Ouvir os comentários dos colegas e opinar sobre eles;
  • Buscar indícios nos textos que apoiem a compreensão;
  • Tecer comentários apreciativos que revelem uma resposta pessoal e analítica do texto.
  • Ter preferências a partir de aspectos da narrativa e dos recursos literários e linguísticos empregados.

A proposta – Leitura compartilhada e conversa apreciativa

Não era uma vez traz uma releitura dos contos clássicos escrito por autores latino-americanos. Cada conto é narrado a partir de um ponto de vista irreverente e, na maioria deles, com muito humor. Para começar Cinderela era que tinha mania por limpeza, ela não era maltratada pelas irmãs e madrastas, era ela a vilã; o lobo de Os três porquinhos, é o lobo-guará, de nossas matas, que se junta aos porquinhos para vencer o caçador; em A roupa nova do Imperador a protagonista é a imperatriz. Todas essas alterações provocam ajustes e adequações no restante dos acontecimentos e a forma como os escritores fizeram isso é bem interessante para ser analisado junto aos estudantes. O início de cada narrativa é outro aspecto bacana de observar: alguns contam que ouviram a história de alguém, outros já iniciam pela própria história. O livro foi publicado pela Melhoramentos que faz parte do grupo Coedição Latino-americana que reúne editores de vários países com a finalidade de difundir a literatura. Esse grupo é coordenado pelo Centro regional para o fomento do livro na América Latina, que tem apoio da Unesco.

Lendo com seus alunos

Um planejamento inicial sobre como organizar na rotina as situações de leitura dos contos desta obra, a forma de encaminhar e o que conversar nos momentos de apreciação se fazem necessários. Além do momento de leitura compartilhada, com o professor lendo em voz alta e os estudantes acompanhando seus exemplares, é possível combinar que alguns destes contos serão lidos em casa ou em pequenos grupos na escola. O que é uma condição didática fundamental é preservar momentos de troca e discussões sobre o lido.

O título e a leitura da capa podem disparar uma discussão sobre o que irão encontrar na obra. “Não era uma vez…” o que significa? “Contos clássicos recontados” ajuda a pensar no título? Pelas ilustrações é possível antecipar quais contos compõem a obra?

A fim de poderem estabelecer relações destes contos com os clássicos pesquise se os estudantes conhecem todos os que estarão presentes na obra. Se observar o contrário, leia as versões clássicas antes das que serão lidas neste momento.

A leitura do sumário permite saberem quais são os contos selecionados, mas há dois títulos que geram dúvidas: O mistério do coração cinza – um thriller de brinquedo e Antecedentes de uma famosa história. É possível inferir e buscar referência no repertório literário qual história pode estar relacionada ao coração cinza e brinquedos, já o segundo título permite levantar algumas histórias famosas que não foram contempladas na obra. Essas conversas provocarão um engajamento maior na busca de respostas durante a leitura.

O mistério do coração cinza se refere ao conto Soldadinho de Chumbo e se difere bastante na forma como o clássico foi escrito. Trata-se de uma investigação em que os próprios brinquedos fazem a partir do encontro de um coração de chumbo, as pistas dadas para descobrirmos que se refere ao soldadinho de chumbo são encontradas ao longo do enredo.

Antecedentes de uma famosa história trata de como o lobo mau, de Chapeuzinho Vermelho, se criou. A partir de uma desilusão amorosa, o menino se transformou em lobo e, com isso sentia muita fome, o final retrata justamente o encontro do lobo com a menina de capuz vermelho.

Vale notar a forma como as histórias começam. Em alguns casos, o narrador conta ao leitor que ouviu de alguém o que vai narrar, como em A história da Cinderela tal como me contaram, em outras, acontece como os contos clássicos “Era uma vez três porquinho…”; há ainda a criação de novos personagens como Raquel em Rapunzel (e uma grande desordem). Explorar todos esses recursos na forma de introduzir as histórias, em como conseguimos observar aspectos que permanecem e outros que mudam é uma das principais chaves de leitura para essa obra.

Para favorecer esse tipo de discussão, algumas perguntas podem provocar debates em torno destas chaves:

  • O que tem nessa história lida que não mudou da versão clássica? Vamos reler alguns trechos que comprovem isso.
  • O que mudou dessa história comparada à que conhecemos?
  • Em alguns contos, as mudanças feitas se aproximam muito da narrativa, do jeito que a história clássica foi contada, em outros houve alterações na forma de contar, quais são assim? Qual prefere?
  • As mudanças em algumas histórias produziram um certo humor. Em que histórias isso ocorreu? Em que passagens?

A apreciação de cada conto e também uma roda para comentarem as impressões sobre o livro como um todo é importante para compreenderem a junção destas histórias em um único volume. Em relação ao título, vale retomar as discussões feitas inicialmente a fim de ampliar as considerações feitas.

Saber que cada conto foi escrito por um autor diferente e que todos eles são da América Latina contextualiza a obra e a finalidade do grupo de Coedição da América Latina. É interessante saber mais sobre eles e localizar os países em um mapa para compreenderem o lugar de origem e a proximidade com o Brasil.

Um desdobramento possível

Os estudantes poderão se inspirar nas leituras feitas e produzir coletivamente um conto, assim como os escritores latino-americanos fizeram. A primeira ação é escolher um conto tradicional, podendo inclusive ser os mesmos do livro e considerar outras mudanças. Outra opção seria dar continuidade para Antecedentes de uma famosa história e pensar em alterações para o conto Chapeuzinho Vermelho. Independente da escolha é importante ler o conto clássico, planejar as mudanças a serem feitas para depois textualizarem tendo o professor como escriba. Nesta prática, os estudantes ditam para o professor o texto e são responsáveis por organizar as ideias em linguagem escrita, típica dos contos. É fundamental que todos participem e que mais de uma sugestão seja dada para o grupo validar uma forma de registro. A revisão ao longo e ao final da produção é essencial para os ajustes e adequações necessárias. Com o texto pronto, ele pode ser lido, publicado no mural ou em formato de livro para um público definido pela turma.

Indicadores de avaliação

Ao longo das situações de leitura, alguns indicadores poderão nortear a observação e análises dos avanços de cada estudante em relação a certos comportamentos do leitor. Os estudantes:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

– Confrontam com os colegas distintas interpretações sobre o lido?

Essas questões podem nortear a avaliação do desenvolvimento dos comportamentos do leitor de cada estudante e contribuir para reorientar a prática pedagógica de leitura.