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Natal e consumismo: evite os excessos

Natal e consumismo: evite os excessos

Natal e consumismo não são sinônimos. As educadoras do Infância sem Excessos explicam como celebrar com equilíbrio e manter a magia do Natal.


Chega dezembro e começa uma maratona: compras, presentes, lista para a ceia, confraternizações, amigo secreto. A sensação é que o Natal se tornou a época do consumismo. Tudo isso é necessário? Como manter viva a magia entre as crianças, sem exagerar na dose de presentes? Convidamos as educadoras Elisa Lunardi e Tati Garrido do Infância sem Excessos para uma conversa sobre Natal e consumismo, para refletir como podemos celebrar com equilíbrio.

Como lidar com os excessos comuns no final do ano?

O final do ano é uma época de aumento de excessos. A quantidade de exigências vindas dos padrões consumistas de celebração é enorme e acaba nublando nossos olhares. São muitas as possibilidades de enfrentar a avalanche e todas elas convocam para olhar para dentro, para as infâncias e para o tempo presente. Normalmente, nesta pausa de olhar encontramos formas simples, porém grandiosas, de viver as festas do final do ano. Resgatamos o que já temos em casa para enfeitar e presentear. Damos atenção às brincadeiras das crianças, percebendo que estas são mais brincantes do que o próprio brinquedo. E, por fim, ficamos atentos aos momentos em que temos a sensação que o tempo parou. É aí que está o espaço de construção de memória afetiva.

Excesso de presentes: como balancear sem “proibir” famílias e amigos de presentear as crianças

Precisamos ajudar a mudar a lógica. Atualmente, todos pensam primeiro no presente e depois, no presenteado. A ideia é inverter, começar pensando na pessoa a ser presenteada.

  • Como essa pessoa é?
  • Que desejos ela carrega?
  • O que te faz lembrar dela?

As crianças são muito boas em responder estas perguntas!

Tem criança que ama picolé e que o maior presente seria um conjunto de picolés. Tem criança que gosta das melecas e misturas e adoraria um kit com terra, temperos, potes, farinhas, elementos da natureza catados no chão que gerem alquimia. Não existe presente proibido, o convite é dar algo mais orgânico com a pessoa e com o meio.

A maratona de encontros e como passar por ela

Aprender a lidar com excessos ultrapassa as questões materiais. Concentrar os desejos de encontro, as saudades, no final do ano faz com que esta época seja estressante e que o encontro, com olhos nos olhos, não se realize.A relação é construída ao longo da vida, das experiências e não somente na última semana do ano. A abordagem com as crianças é a própria vivência do dia a dia e do dia das festas. Trazê-las para participar considerando seus desejos de encontro também é uma maneira de atar laços afetivos, seja com a criança, seja com o círculo de pessoas queridas que temos ao lado.

Mesa de Natal: o limite entre fartura e excesso

Saber que aquele é um dia especial, já é uma forma de delimitar a diferença entre fartura e excesso. Além disso, para contrapor, falamos em abundância, que não tem a ver com quantidade e nem com gastos, mas sim com a representatividade do que está ofertado. A criança vê a harmonia das escolhas. E vê melhor quando é incluída nos processos. Pensando na mesa, por exemplo, tem todo o preparo, a escolha da toalha, as histórias que os objetos carregam, o acender das velas, a receita de família que nunca falta, a estética, todas as texturas. Conversas que surgem, cartões, pratos decorados, cores que chamam, frutas da época, surpresas. Lembrando que cada família e cultura tem suas marcas e que todos, ainda mais as crianças, podem levar suas contribuições da própria casa para a mesa.

mesa de natal

Em contraponto ao excesso, temos a escassez como realidade no Brasil…

Entre outras razões, a escassez é resultado de uma cultura mediada pelos excessos, pelo consumismo. Logicamente isto gera um desequilíbrio, um desequilíbrio de vida. Descortinar os excessos, portanto, é cavoucar buracos profundos relacionados às várias camadas de escassez. Como educadoras, acreditamos que um caminho possível é o da educação para o consumo, a cidadania, a diversidade, o bem comum, o sensível, a valorização da arte e expressão, o exercício do ser.