“Ela fala esquisito, igual o faxineiro”. É com essa saudação que Nísia é recebida pelos colegas de sala em seu primeiro dia na escola nova, em São Paulo. Vinda do interior do Rio Grande do Norte com a tia após a morte prematura de sua mãe, Nísia terá que recomeçar sua vida em um ambiente não só muito diferente do qual ela foi criada, mas também repleto de adversidades e preconceitos. Entretanto, o começo difícil em São Paulo não impedirão que nossa protagonista encontre sua voz e seu lugar, promovendo profundas reflexões entre as pessoas ao seu redor. Uma homenagem a Nísia Floresta Brasileira Augusta – educadora feminista que fundou a primeira escola para meninas do país – “Nísia” nos lembra do poder da educação, das mulheres e do diálogo.
Quem são as autoras de “Nísia”?
São muitos os paralelos que podemos traçar entre a protagonista de “Nísia” e sua autora, Ana Carolina Marinho. Nascida em Natal, ela migrou para São Paulo em 2011, depois de uma infância marcada por mergulhos nos lindos açudes, rios e mares do Rio Grande do Norte. Da Lagoa do Carcará para o Jardim Romano, onde desenvolve residências artísticas há mais de dez anos através do Coletivo Estopô Balaio, do qual é membro-fundadora, Ana Carolina encontrou seu lugar em São Paulo e, agora, na literatura com esta belíssima estreia.
Paty Wolff foi criada em Cuiabá, o coração da América do Sul, mas nasceu em Cacoal, cidade do interior de Rondônia. Artista visual e escritora, seu primeiro livro, “Como Pássaros no Céu de Aruanda”, foi finalista do Prêmio Jabuti em 2022.
Por que escolhemos este livro para enviar aos assinantes do Clube de Leitores A Taba?
Preconceito é assunto sério. A xenofobia e o preconceito linguístico que a população nordestina sofreu a partir da intensificação dos movimentos migratórios em direção ao sul do Brasil a partir dos anos 1950 deixou marcas profundas nas dinâmicas sociais da região Sudeste, que recebeu a maior parte desta população. Educar nossas crianças para o respeito à cultura e à linguagem do Nordeste – com toda sua diversidade e pluralidade – permite que elas cresçam em contato com a riqueza desta região que tanto oferece ao nosso país.