Dicas de Livros | Blog A Taba
O brincar a partir do livro-imagem

O brincar a partir do livro-imagem

Confira um relato de experiência de mediação de leitura do livro Bárbaro que ativa o brincar a partir do livro-imagem.


O livro Bárbaro de Renato Moriconi me conquistou no primeiro encontro. Lembro ter ocorrido em uma tarde de domingo e a minha surpresa com o desfecho da obra. Ao receber esta obra pelo programa A Taba na Escola, para alunos do infantil 4 com idade entre 4 e 5 anos, fiquei muito feliz e motivada pois é um livro-imagem que traz uma narrativa visual. Até mesmo o formato do livro se contextualiza com o desenvolvimento da narrativa, sendo muito envolvente e surpreendente.

Logo me questionei como fazer uma mediação para explorar o livro da melhor forma, pois é um livro potente e uma grande oportunidade para oferecer uma diversidade de obra, e desejei criar ações que a criança não ficasse passiva, mas atuante neste processo.

Passei a analisar o livro de forma minuciosa para me apropriar, pois um livro — que apresenta uma narrativa visual sequencial — exige um olhar mais apurado.

Um espaço aberto foi o local selecionado para a mediação do Bárbaro. Falei inicialmente sobre a materialidade do livro, o seu formato e dei início a mediação.

A cada folhear de página olhinhos atentos, pois um livro-imagem traz convocação ao leitor. Brinquei com a dança de imagens que sobem e descem e, conforme a página que o personagem estava acima, eu subia numa mureta. Se estava abaixo pulava para o chão, usei o movimento do meu corpo para bailar junto a ilustração.

Os alunos gostaram deste movimento de sobe e desce acompanhando as imagens. E esta mediação por ser composta de imagens, senti a necessidade de um tempo maior, pois tinha sempre o movimento de vai e vem, eles sempre queriam revisitar as imagens para descrever um detalhe. Senti a importância de oferecer a escuta intensamente, ouvindo as informações que os educandos traziam e juntos formando uma construção coletiva.

O livro-imagem é um convite para uma participação ativa. Os alunos traziam novas hipótese o tempo todo. Página por página, toda turma estava envolvida e demonstravam ansiedade para saber o desfecho do livro. Participantes intensos durante todo o percurso da mediação o final causou muitos questionamentos e versões.

Alguns diziam achar que na última página havia o gigante da história João e o Pé de Feijão. Alguns afirmavam ser o avô ou tio do personagem. Outros achavam ser o pai. E entre tantas falas destaco de um aluno que suspirou e disse: “— Ah, este é o Cristo reinventor”.

Esta foi a nossa primeira vivência com o livro.

No segundo momento fomos ao anfiteatro e projetei o livro em um telão para que pudessem visualizar melhor as imagens. Eles adoraram e disseram que o Bárbaro parecia filme de cinema! 

Na sequência, novamente página por página passamos e sempre com uma linda e potente construção narrativa do coletivo. No terceiro momento os alunos estavam com os livros em mãos, então retomei a fala sobre a materialidade da obra, pois agora cada um poderia tocar, sentir o seu próprio livro.

Retomei a mediação e eles continuavam me surpreendendo sempre trazendo uma nova ótica nesta construção coletiva. Destaco a fala de um aluno sobre um dragão nas águas: ele afirmou estas manchinhas no corpo do dragão deve ser marca dos beijinhos que a mamãe deu nele. Foi encantador este olhar surpreendente que a infância nos oferta.

Ao término desta mediação os alunos foram convidados a aquecer a imaginação e o coração e brincar de Bárbaro no parque. 

Cada um fez sua livre escolha de como brincar, uns subiam na balança e de olhos fechado gritavam contra os inimigos. Outros construíram espadas com jogos de montar. Alguns corriam pelo parque dizendo ter perdido o cavalo e construindo uma releitura brincante da obra.

Para finalizar, foi realizada uma oficina brincante em parceria com a professora regente Andréia Ferreira onde os alunos participaram do processo de confecção do Carrossel.