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O conto da ilha desconhecida

O conto da ilha desconhecida

Que se pode fazer em um mundo onde fica cada vez mais difícil apresentar novas aspirações e trilhar por novas descobertas? É nesse contexto que se apresenta um homem que queria um barco para sair em busca de uma Ilha Desconhecida. Os obstáculos serão muitos: as complicações burocráticas, a má vontade dos governantes, o comodismo daqueles que aboliram de suas vidas sonhos e desejos… Mas ele não se deixará contaminar. Um conto de persistência em que, inevitavelmente, surgirá uma alma que entre em sintonia com a do homem que procura o barco.


Resenha
Que se pode fazer em um mundo onde fica cada vez mais difícil apresentar novas aspirações e trilhar por novas descobertas? É nesse contexto que se apresenta um homem que queria um barco para sair em busca de uma Ilha Desconhecida. Os obstáculos serão muitos: as complicações burocráticas, a má vontade dos governantes, o comodismo daqueles que aboliram de suas vidas sonhos e desejos… Mas ele não se deixará contaminar. Um conto de persistência em que, inevitavelmente, surgirá uma alma que entre em sintonia com a do homem que procura o barco. E, como os sonhadores muitas vezes são acometidos por uma “neblina” que obstrui do seu campo de visão o próprio objeto de sua busca, uma companheira, igualmente desejosa e tanto mais lúcida, pode ser a bússola que o direcionará ao encontro de sua realização. Uma narrativa cheia de alegorias que propõe ao leitor acompanhar uma aventura fantástica e instigante, assim como despertar, reavivar mesmo, algum sonho que o próprio leitor julga precipitadamente como inatingível, mas cuja satisfação pode estar mais próxima do que ele suspeita. José Saramago é um dos nomes mais inventivos e admirados escritores da literatura de Portugal que, a exemplo dos navegadores lusitanos do passado, ultrapassou fronteiras e chegou muito longe, tomando como barco a própria língua portuguesa e como leme, a poesia.
Trecho do livro
“O homem nem sonha que, não tendo ainda sequer começado a recrutar os tripulantes, já leva atrás de si a futura encarregada das baldeações e outros asseios, também é deste modo que o destino costuma compartar-se conosco, já está mesmo atrás de nós, já estendeu a mão para tocar-nos o ombro, e nós ainda vamos a murmurar, Acabou-se, não há mais que ver, é tudo igual.”
P. 24