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O Ickabog – 5º ano

O Ickabog – 5º ano

O Ickabog é um livro escrito por uma das escritoras mais lidas em todo o mundo: J.K. Rowling, a mesma que escreveu a saga de Harry Potter.


O Ickabog é um livro escrito por uma das escritoras mais lidas em todo o mundo: J.K. Rowling, a mesma que escreveu a saga de Harry Potter.

Em seu processo de criação, Rowling conta que já havia iniciado a escrita desta história quando suas filhas eram pequenas e que o início da pandemia, em 2020, fez com que ela sentisse vontade de terminar a história. Além dessa curiosidade interessante, que consta na introdução do livro, ela abriu um concurso para crianças ilustrarem passagens da história. Os vencedores tiveram seus desenhos publicados nesta edição.

Ickabog é um ser misterioso que vai amedrontar todo um reino e, como tudo gira em torno dele, há um certo mistério que perdura um bom tempo ao longo da narrativa e deixa o leitor curioso para saber do que se trata. Para enfrentar o problema que aflige a população de Cornucópia, o rei egoísta, fútil e covarde deixa que seus conselheiros cometam as maiores atrocidades contra o povo. O início dos impostos, a corrupção, a decadência de um rei, a união de um povo são alguns dos assuntos que podem ser discutidos e levar a uma reflexão potente sobre o funcionamento de uma sociedade. 

Habilidades da BNCC 

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade. 

(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.

(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.

(EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

(EF35LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, narrativas ficcionais que apresentem cenários e personagens, observando os elementos da estrutura narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do discurso indireto e discurso direto.

Objetivos desta proposta

Espera-se que os alunos possam:

  • Ler, acompanhar a leitura e apreciar as distintas passagens da história, sem perder o fio condutor da narrativa;
  • Antecipar possíveis acontecimentos da história e checar suas hipóteses a partir de certos acontecimentos do enredo;
  • Comentar os episódios narrativos, dando opinião e fazendo uma análise crítica a certos acontecimentos, considerando a linguagem literária e os efeitos produzidos pelos recursos linguísticos;
  • Ouvir os comentários dos colegas e se posicionar criticamente diante deles.

A proposta – Leitura compartilhada e conversa apreciativa do livro “O Ickabog”

Lendo com seus alunos

O Ickabog é uma história dividida em 64 capítulos e, por isso, é importante planejar o tempo didático para sua leitura. É possível realiza-la de forma compartilhada ou intercalar esses momentos com leitura autônoma em casa. Em ambas as situações é importante organizar um tempo em sala de aula para discutir as impressões pessoais e retomar os principais acontecimentos já lidos para dar continuidade nos próximos capítulos. 

No início da história vale chamar atenção para a descrição do cenário, os nomes dados aos lugares e as pessoas, e as características do rei. Fred era muito vaidoso, como podemos saber dessa característica? Que passagens da história comprovam isso? Além de vaidoso, como podemos compreender esse rei?

Nas páginas 42 e 49, por exemplo, há passagens que descrevem ricamente o vestuário do rei e podem servir para esse momento. “A casaca era escarlate, com botões de ouro. Tinha uma faixa roxa e muitas medalhas, que ele podia usar porque era rei…”(p. 49)

Além dos trajes, das cerimônias organizadas para ele vestir uma roupa nova e diferente, tem a morte da costureira, mãe de Daisy, que faz o leitor ter mais certeza do seu egoísmo. A sua falta de escuta, também faz com que ele e seus guardas passem por apuros no pântano. Disso desencadeia todas as mentiras, os impostos e corrupção, a miséria do povo. Explorar essas nuances pode oportunizar os leitores a acessarem camadas mais profundas da história.

Um ponto que merece atenção é sobre o ser misterioso Ickabog. Até termos certeza de que ele existe mesmo, o leitor pode passar por vários estágios: de descrença total em sua existência, até certas desconfianças ou certezas de que ele existe. De acordo com novos acontecimentos lidos, é muito importante conversar sobre isso, vocês acham que Ickabog existe? Como ele é? Por que não apareceu ainda? 

Só vamos ter certeza de sua existência, no capítulo 50, p. 217, com a passagem: “E então uma sombra imensa ondulou sobre eles. Dois braços enormes, cobertos de pelos verdes e compridos que pareciam o mato do brejo desceram sobre os quatro amigos.”

A partir desse momento, nossa visão de Ickabog se modifica, sabemos que ele não é um monstro terrível e o que ele faz com Daisy vai provocar maior encantamento do leitor. 

O que os conselheiros do rei, Cuspêncio e Palermo, fazem com o povo também merece atenção. Por muitos capítulos, somos assolados pela maldade e ações cruéis desses homens. Uma mentira gera outra, que gera uma sequência de batalhas e combates. As muitas mortes, o início dos impostos, a pobreza da população, tudo isso faz com que fiquemos inconformados com a situação. É possível estabelecer um paralelo com a sociedade na qual vivemos, também pagamos muitos impostos, também temos governantes que maltratam seu povo. Como os alunos veem isso? Há semelhanças e diferenças entre a nossa sociedade e de Cornucópia?

Outro aspecto muito interessante é o narrador, em muitas passagens ele conversa diretamente com o leitor e faz perguntas e nos dá certas informações que estamos buscamos. Isso acontece ao longo da narrativa, por exemplo, nas páginas 107, 128, 171 223. Quando Daisy e os colegas estão na caverna de Ickabog vendo os desenhos nas paredes, a menina comenta que um homem desenhado se assemelha ao rei. Logo em seguida, o enunciado do narrador é:

“Os outros não sabiam o que responder, é claro, mas eu sei. Agora vou contar toda a verdade a você e espero que não fique chateado por eu não ter feito isso antes.”(p. 223)

Incrível observar a forma como o narrador se dirige ao leitor. Você se refere a nós, mas isso pode não ser tão perceptível assim, colocar em discussão com os alunos é importante. Além disso, o narrador nos informa que ele sabe tudo o que acontece, mas não é para nós ficarmos chateado por ter dado essa informação só agora. Por que será que o narrador guardou essa informação? Que efeito produz esse acontecimento agora?

O desfecho típico de contos de fadas também arrebata o leitor. Depois de mortes e muitos sacrifícios vividos, chegou o momento de o reino ter uma vida mais feliz e próspera. Questione se seus alunos gostaram desse final ou se inventariam outro. 

Um desdobramento possível

O Ickabog é um ser misterioso na maior parte da narrativa. Logo no início da leitura, assim que o leitor sabe da existência desse ser misterioso, peça que os alunos façam um desenho de como eles imaginam ser tal ser. Disponibilize vários materiais, como papeis e riscantes variados, que possam contribuir para um efeito estético interessante. 

Promova uma roda de apreciação dos desenhos feitos de modo que cada um possa comentar um pouco sobre as características de Ickabog. No final da leitura, promova mais um momento como esse ou pede que, inspirados nos desenhos que apreciaram ao longo da leitura, escolham uma passagem marcante da história e também façam seu desenho. Para conferir maior sentido a proposta, monte um mural virtual (Padlet, por exemplo) ou no pátio da escola contendo as produções das crianças, junto com um texto produzido coletivamente que contextualize os desenhos e a história para os que irão apreciar o mural. 

Indicadores de avaliação

Ao longo das situações de leitura, alguns indicadores poderão nortear a observação e análises dos avanços de cada estudante em relação a certos comportamentos do leitor:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

– Confrontam com os colegas distintas interpretações sobre o lido?

Essas questões são as mesmas apresentadas anteriormente, o que vale observar se houve ou não mudanças em relação as leituras já feitas, para analisar os progressos do desenvolvimento dos comportamentos leitores de cada estudante e poder assim contribuir para reorientar a prática pedagógica de leitura.