Dicas de Livros | Blog A Taba
O quinze

O quinze

Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Ainda menina, aos vinte anos, escreve O quinze, em um reflexo de sua experiência ao viver a Grande Seca de 1915, no Ceará, sua terra natal. Romance pertencente ao momento em que se fortalecia uma estética regionalista, período conhecido como Geração de 30 do Modernismo Brasileiro, essa tocante obra dá ao leitor o acesso a um olhar acurado para o drama da seca nordestina, seus efeitos sobre o homem, ao contemplar a retirada do personagem Chico Bento e sua família numa tentativa de escapar da sequidão.


Resenha
Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Ainda menina, aos vinte anos, escreve O quinze, em um reflexo de sua experiência ao viver a Grande Seca de 1915, no Ceará, sua terra natal. Romance pertencente ao momento em que se fortalecia uma estética regionalista, período conhecido como Geração de 30 do Modernismo Brasileiro, essa tocante obra dá ao leitor o acesso a um olhar acurado para o drama da seca nordestina, seus efeitos sobre o homem, ao contemplar a retirada do personagem Chico Bento e sua família numa tentativa de escapar da sequidão. Outro ponto interessante no romance é a tensão trazida pelo retrato da desigualdade social e cultural aludida no sentimento amoroso existente entre o rude vaqueiro Vicente e a culta professora Conceição. As ilustrações de Poty mostram o drama do homem ante a seca, sua travessia, suas perdas e a rudeza do cenário em que vivia. O quinze é um livro para tocar o coração e despertar o olhar, além de conduzir o leitor a uma aguda reflexão crítica sobre a realidade brasileira do povo nordestino, ontem e ainda hoje.
Trecho do livro
“Mas logo lhe veio a lembrança dos pais, tão velhinhos, que tudo esperavam dele; evocou o que seria o desamparo da fazenda, vazia de seu esforço; o gado abandonado, tudo paralisado e morto; e pensou no seu isolamento na terra longínqua, no vácuo doloroso de afeições em que se iria debater o seu coração exilado. O desejo esboçado extinguiu-se; a cabeça desolada novamente se abateu na ombreira; e o coração, envergonhado, entregou-se a um momento de desesperança e fraqueza.”
P. 28