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A estranha Madame Mizu – 3º ano

A estranha Madame Mizu – 3º ano

Conheça “A estranha Madame Mizu”: um livroque conta a história de uma menina cheia de imaginação e de sua misteriosa vizinha.


A estranha Madame Mizu conta a história de uma menina, a Zoé, que fica sozinha em seu apartamento porque seus pais trabalham muito.

A Madame Mizu é sua vizinha do andar de cima, uma velhinha que parece uma bruxa. Essa ideia não sai da cabeça de Zoé, ela tem muito medo de bruxa e tem certeza – e quer nos convencer – de que Mizu é uma bruxa da pior espécie.

Cada característica física, cada novo acontecimento, Zoé tenta relacionar com Madame Mizu.

Será mesmo que a velhinha do andar de cima é uma bruxa? Ou tudo não passa de invenção de Zoé? Por que a menina inventaria algo tão ruim?

Com certas passagens que geram muito suspense, a narrativa leva o leitor a sentir uma pontada de medo, mas também muito alívio quando descobre, ainda no final de cada capítulo, o que realmente acontece com Zoé.

Essa familiaridade com o modo de pensar da menina passa a ser antecipada facilmente pelos alunos que redimensionam o medo que, porventura, sentiram.

O final é surpreendente e vai encantar as crianças.

Thierry Lenain é francês, foi professor primário e publicou seu primeiro livro em 1988. 

Habilidades da BNCC:

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

(EF15LP16) Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor e, mais tarde, de maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas, acumulativos, de assombração etc.) e crônicas.

(EF02LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos literários, de gêneros variados, desenvolvendo o gosto pela leitura.

 (EF02LP28) Reconhecer o conflito gerador de uma narrativa ficcional e sua resolução, além de palavras, expressões e frases que caracterizam personagens e ambientes.

Objetivos desta proposta:

Espera-se que os estudantes possam: 

– Apreciar a narrativa e se envolver com ela para descobrir as regularidades previstas em cada capítulo;

– Conseguir acompanhar a leitura de uma obra mais extensa.

– Comentar suas impressões pessoais, ouvir os colegas e ser capaz de comentar suas opiniões e pontos de vista;

– Analisar a forma como narrador conta a história e a construção da personagem e os efeitos produzidos.

Proposta: Leitura compartilhada e conversa apreciativa do livro “A estranha Madame Mizu”

Lendo com seus alunos

A estranha Madame Mizu é uma obra instigante, irreverente, e todo suspense que a narrativa possui começa pelo título porque leva o leitor a pensar: quem será Madame Mizu? Madame se refere a uma pessoa nobre? E por que será que ela é estranha? Ao comparar com a ilustração, vemos uma velhinha com um nariz bem pontudo, de bengala e uma sombra que a assemelha com algo do mal, uma bruxa, talvez. Escutar as ideias das crianças, pedindo que comentem a ilustração e sua relação com o título é fundamental para engajá-los com a leitura. Esse encaminhamento também contribui para mobilizar certas estratégias, como ativação dos conhecimentos prévios que possam ter a respeito de personagens como Mizu, e antecipação do que pode acontecer. Trata-se de um comportamento leitor que queremos desenvolver por meio dessas situações de leitura. 

Se o leitor tinha dúvidas sobre quem é Madame Mizu, o nome do primeiro capítulo já revela que ela é a bruxa do andar de cima. Vale destacar que esse início é bem importante para entendermos as personagens. Zoé é descrita como Zoé, a Solitária. O que é possível pensar sobre esse complemento de seu nome? Destaque também para a forma como se descreve a bruxa, todas as características que fazem com que a menina tenha certeza que ela é.  E o leitor, o que acha disso? Concordam com Zoé? Por quê? 

A fórmula criada por ela para vencer o medo e se proteger da bruxa, com certeza, vai agradar os alunos, crie uma melodia para a letra e estimule todos a recitarem/lerem com você durante a leitura. 

Logo no final do capítulo 1 sabemos que toda a aventura que Zoé passa foi um sonho. Vale voltar para passagens que ajudem a encontrar pistas que ela estava dormindo. Na página 14, é possível retomar o trecho “Esgotada, a menina cai no sono”.  Em seguida, na página 15 – “Está na cama. É de manhã.” Sabemos por fim, que Madame Mizu tenta entrar no apartamento porque se enganou de andar. Esse acontecimento e o pedido de desculpas de Madame Mizu aos pais de Zoé podem criar uma dúvida no leitor se a velhinha é mesmo uma bruxa. 

Por muitas vezes, Zoé vai sonhar e criar uma história cada vez mais verossímil para dizer que a Madame Mizu é uma bruxa. Vale encorajar as crianças a entrarem na fantasia da menina e também se sentirem aliviados proque não passa de um sonho. Depois do capítulo 2, essa recorrência pode ser facilmente antecipada pelas crianças. 

Outro destaque interessante da obra é o narrador. Ele sabe tudo sobre a vida das personagens e além disso conversa conosco, os leitores dos livros. Por vários momentos há textos entre parênteses que ora complementam com informações acerca da história ora conversa diretamente com o leitor. 

“Para se distrair, Zoé se instala diante da tevê (a tevê é a melhor amiga de Zoé).” (p. 10) Neste caso, o narrador complementa com uma informação sobre a menina e demonstra saber muito sobre ela.

“Endireita-se na cama. O lençol está empapado de suro. Tudo bem, era só um pesadelo, mas que metia medo, metia (eu queria ver se fosse com vocês!)”. (p. 20)

Neste caso, o narrador está falando com o leitor e vale muito discutir esse recurso literário com as crianças. Por que tem esse texto entre parênteses? Para que ele serve? Quem são vocês que o narrador comenta?

Vale propor um momento, depois de terminar a leitura da história, para pensar como compreendemos a Madame Mizu no começo e no final da narrativa. O que mudou?  Houve alguma transformação? Sabemos no desfecho que ela não passa de uma velhinha também solitária, o que motivou Zoé a pensar que ela era uma bruxa? O que a fez mudar? 

A última ilustração do livro, Zoé com Madame Mizu abraçadas, revela uma outra relação entre as duas personagens e, embora Mizu continue com as mesmas características físicas, parece que tem um olhar mais meigo, realmente de uma velhinha. Comparar as imagens que aparecem das personagens ao longo da narrativa pode propiciar boas conversas em torno da relação que estabelecemos entre o texto e a representação gráfica das personagens.

Depois da leitura é possível ainda discutir:

– Qual passagem da história você sentiu mais medo ou arrepio? Vamos reler esse trecho para pensar como está escrito? Que palavras ou expressões contribuíram para sentir essas emoções?

– A partir de que momento da história você já sabia que as aventuras de Zoé não passavam de imaginação, sonho ou pesadelo?

– Você indicaria esse livro para algum colega? Por quê? O que destacaria da obra?

Por fim, vale ressaltar que uma leitura feita em capítulos requer alguns cuidados: ao ler um novo capítulo é interessante retomar os principais acontecimentos ocorridos antes, isso pode ser feito oralmente com a ajuda dos alunos; ao terminar a leitura de um capítulo você pode ler o nome do seguinte e perguntar aos alunos o que acham que vai acontecer; e também conversar sobre o que anteciparam para verificarem o que de fato ocorreu no enredo. 

Um desdobramento possível

Conhecemos muitas histórias que têm as bruxas como personagem. Elas apresentam características comuns e também muito diversas. Uma roda para apreciar imagens de bruxas em diferentes livros pode ser uma ótima oportunidade de apreciação estética. Será possível analisar como cada ilustrador representou essa personagem que é tão querida pelos estudantes. Além de apreciar as ilustrações e observar as técnicas empregadas, os diferentes efeitos que produzem em nós leitores, é possível ainda ler outras histórias de bruxas, ou trechos que as descrevem, a fim de ampliar o repertório dos alunos sobre elas. 

Indicadores de avaliação

Ao longo das situações de leitura, alguns indicadores poderão nortear a observação e análises dos avanços de cada estudante em relação a certos comportamentos do leitor:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

Essas questões são as mesmas apresentadas anteriormente, o que vale observar se houve ou não mudanças em relação as leituras já feitas, para analisar os progressos do desenvolvimento dos comportamentos leitores de cada estudante e poder assim contribuir para reorientar a prática pedagógica de leitura.