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O ônibus de Rosa – Material do Profesor

O ônibus de Rosa – Material do Profesor

Acesse o Material do Professor com orientações para o trabalho de leitura compartilhada do livro “O ônibus de Rosa”.


O ônibus de Rosa

Fabrizio Silei  e Maurizio A C Quarello

Edições SM

“…Há sempre um ônibus que passa na vida de cada um de nós. Fique de olhos abertos: não vá perder o seu.”

Esse é o conselho dado por um avô ao seu neto, após lhe contar a história de uma mulher que com coragem e dignidade contribuiu para mudar a vida de seu povo. Seu nome era Rosa.

Neste grandioso livro criado por dois grandes artistas italianos, os leitores serão transportados a duas narrativas simultâneas, que se cruzam em seus desafios e nos dilemas enfrentados por quem se propõe a refletir sobre a questão racial no mundo.

Uma verdadeira obra de arte que, com certeza, abrirá espaço para preciosas conversas sobre o racismo e nosso papel na construção do mundo que desejamos.

A proposta – Leitura compartilhada e conversa apreciativa

Habilidades da BNCC 

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado.

 (EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.

(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões desconhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.

(EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Objetivos desta proposta

Espera-se que os alunos possam:

  • Apreciar a viagem de Rosa no ônibus e todos os acontecimentos que derivaram de sua resistência em ceder seu lugar no ônibus;
  • Compreender o limite tênue entre ficção e realidade;
  • Avançar em suas próprias interpretações a partir dos comentários e opiniões dos colegas;
  • Adotar uma postura crítica frente aos comentários dos colegas para aceitar ou discordar das opiniões emitidas;
  • Buscar indícios nos textos que apoiem a compreensão;
  • Ter preferências a partir de aspectos da narrativa e dos recursos literários e linguísticos empregados.

Lendo com seus alunos o livro “O ônibus de Rosa”:

Para quem não conhece a história recente dos EUA nem de Rosa Parks, mulher negra que resistiu dar seu lugar no ônibus para um senhor branco se sentar, assim como era previsto na época em que a narrativa aconteceu, pode antecipar muitos acontecimentos para esse título. Neste momento, não há limites para a imaginação, contudo as ilustrações podem contribuir para configurar alguns limites na atribuição de sentidos: podemos notar que o ônibus é um automóvel antigo, que o lugar que indica seu destino está escrito em inglês, que uma pessoa está prestes a subir no ônibus, e que os tons escuros do céu podem remeter ao final da tarde. O que tudo isso se relaciona com a história a ser lida? Questões para serem discutidas entre todos da turma. 

Ao longo da roda de leitura, é importante considerar quem são os personagens da história. Logo observamos que há uma história dentro da outra, uma delas se refere a conversa entre o avô e seu neto, visitando um museu; e a outra é justamente a narrativa contada pelo avô sobre o dia em que Rosa se negou a sair de seu lugar para outra pessoa branca se sentar. Vale destacar que estamos lendo um livro de ficção e que, portanto, não tem como propósito a busca de uma informação específica sobre o movimento antirracista que se originou a partir do evento ocorrido com Rosa, mas traz informações verídicas desta história. Isso, inclusive, é elemento para a apreciação da relação entre o menino e seu avô e a relação deles com o evento ocorrido antes. Discutir as nuances entre o que é ficcional e o que não é, pode ser um movimento interessante de conversa assegurando avanços na compreensão. 

Ao longo dessa narrativa contada, surge um nome de destaque na defesa dos direitos de todos: Martin Luther King. Durante a conversa, talvez valha mencionar que ele era um pastor que lutou incansavelmente para que todos os negros tivessem os mesmos direitos que os brancos. Se achar oportuno, há mais informações na seção Um desdobramento possível. 

O livro abre um espaço para um diálogo genuíno entre os estudantes a fim de comentarem os sentimentos e os pensamentos que tiveram a partir da leitura. O que provocou nos estudantes a ideia de uma mulher ser presa por não ceder o lugar no ônibus? E sobre a atitude do motorista? Dos outros brancos e negros que estavam no ônibus? Podemos afirmar que hoje não existe mais estabelecimentos que separam a entrada de brancos e negros? Como o negro é tratado hoje no Brasil?

O final da história também é bastante emblemático, pois admite muitas interpretações. No restaurante, o avô está com um jornal aberto e na capa podemos ver parte de uma pessoa, um homem negro. Não conseguimos compreender o que está escrito, mas parece ser uma bandeira dos Estados Unidos da América ao fundo. Será que se trata do primeiro presidente negro eleito no país? Ou se refere a algo que ainda hoje devemos nos contestar?

Por fim, na quarta capa há a seguinte frase:

“…Há sempre um ônibus que passa na vida de cada um de nós. Fique de olhos abertos: não vá perder o seu.”

Agora que já leram a história, como você compreende essa passagem? Que ônibus não podemos perder?

Ouvir os estudantes, provocá-los a se colocarem no papel dos personagens, a sentirem o que sentiram, a refletirem sobre as relações estabelecidas com o outro, são fundamentais para trabalho de leitura e é por isso que afirmamos que a literatura nos humaniza. 

Um desdobramento possível para o trabalho com o livro “O ônibus de Rosa”

Uma possibilidade de saber mais sobre o evento que marca o conteúdo do livro é uma ótima opção de continuidade no trabalho que pode ser desenvolvido com esta obra.  Promover uma pesquisa sobre o boicote que ocorreu no Alabama, em 1955, contra os ônibus públicos e outros movimentos sociais que resultaram mudanças no comportamento de uma sociedade, incluindo a brasileira, pode ser bastante interessante tanto do ponto de vista da temática abordada como também da possibilidade de um posicionamento crítico dos estudantes diante dos fatos. 

Além disso, conhecer quem foi Martin Luther King Jr. e sua importância em certos movimentos complementam as possibilidades de compreensão da obra lida. Abaixo algumas informações que podem ser lidas e comentadas por todos:

Martin Luther King Jr nasceu em Atlanta, no dia 15 de janeiro de 1929. Tanto seu avô como seu pai eram pastores da igreja batista, e Martin resolveu seguir por este caminho.
Formado em sociologia na “Morehouse College“, em 1948, Martin Luther King continuou seus estudos no Seminário Teológico Crozer, em 1951. Posteriormente, em 1955, fez doutorado em Teologia Sistemática pela Universidade de Boston. Ali, conheceria sua futura esposa, Coretta Scott King, com quem teria quatro filhos.
Viveu durante sua infância e adolescência a política segregacionista que imperava no estado de Atlanta. Por isso, desde o início de sua carreira, King foi um ativista dentro do movimento negro que lutava pela igualdade civil entre negros e brancos.
Após seus estudos teológicos, King serviu como pastor numa igreja em Montgomery, no estado de Alabama. Integrou a “Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor” (NAACP, na sigla em inglês).
King foi um dos líderes, em 1955, do boicote aos ônibus da cidade de Montgomery. O ato de protesto começou em função do caso Rosa Parks, mulher negra que foi presa ao negar-se a ceder seu lugar a um homem branco no ônibus.
O boicote durou 382 dias e foi vitorioso, quando a Suprema Corte Americana declarou ilegal a discriminação racial em transportes públicos. Entretanto, durante este tempo, King foi preso, sua casa bombardeada e sofreu diversos atentados.
 
Extraído de: https://www.todamateria.com.br/martin-luther-king/ – acesso em 25 ago/2021.

Indicadores de avaliação

Ao longo das situações de leitura, alguns indicadores poderão nortear a observação e análises dos avanços de cada estudante em relação a certos comportamentos do leitor. Os estudantes:

– Antecipam e formulam hipóteses sobre a leitura a partir de diferentes informações (ilustrações, paratextos, etc)?

– Participam das conversas expressando os efeitos que a leitura lhes produziu, a partir de uma resposta estética e pessoal?

– Comentam e selecionam trechos ou episódios de seu interesse e fundamentam suas preferências?

– Ouvem a opinião dos colegas e opinam sobre o que ouviram?

– Solicitam ao professor a releitura de passagens do texto com algum propósito específico?

– Confrontam com os colegas distintas interpretações sobre o lido?

Essas questões são as mesmas apresentadas anteriormente, o que vale observar se houve ou não mudanças em relação as leituras já feitas, para analisar os progressos do desenvolvimento dos comportamentos leitores de cada estudante e poder assim contribuir para reorientar a prática pedagógica de leitura. 

Que tal assistir com seus alunos a uma narração da história do livro “O ônibus de Rosa”?