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Cartas do Papai Noel: a literatura e o bom velhinho

Cartas do Papai Noel: a literatura e o bom velhinho

Muito do personagem do Papai Noel foi criado pela literatura, de lendas antigas a poemas e clássicos universais


Um velhinho barbudo e barrigudo, que veste uma roupa vermelha e dirige uma vez ao ano um trenó puxado por renas, cheio de presentes às crianças.

Cartas do Papai Noel, de J.R.R. Tolkien

A famosa figura do Papai Noel, personagem celebrado em boa parte do mundo, é o narrador de Cartas do Papai Noel, livro de J.R.R. Tolkien, escritor conhecido pela série de livros de fantasia O senhor dos anéis.

Durante cerca de duas décadas (de 1920 a 1943), o famoso autor escreveu anualmente cartas aos filhos como se fosse o famoso personagem, e aproveitou para criar as mais inesperadas aventuras no Polo Norte, como as confusões de seu ajudante, o Urso Polar, ou as batalhas contra goblins, criaturas que atrapalham a entrega de presentes no fim do ano.

Além disso, as mensagens à família Tolkien também incluem comentários aos acontecimentos do mundo, como a Segunda Guerra Mundial e a pobreza vivenciada naquela época na Europa.

Mas o que o Natal tem a ver com literatura?

"Merry Old Santa Claus", de Thomas Nest, 1881
“Merry Old Santa Claus”, de Thomas Nest, 1881

Muito do que conhecemos como Natal surgiu dos livros e da literatura. Uma obra fundamental para a construção desse imaginário é Uma canção de Natal, escrita por Charles Dickens em 1843. Na história, Ebenezer Scrooge, um senhor ranzinza, recebe a visita de três fantasmas, que lhe ensinam o que hoje conhecemos como o “verdadeiro significado do Natal”.

Outro texto importante nesse sentido é um poema de 1822 do americano Clement Moore, chamado Uma visita a São Nicolau. Ali, ele narra uma véspera de Natal fria, encoberta de neve, e a espera das crianças pela chegada do velhinho, que guia um trenó de renas com presentes aos pequenos.

Podemos citar também o trabalho do cartunista Thomas Nest ou, ainda, a campanha de Natal da Coca-Cola de 1931, idealizada pelo ilustrador Haddon Sundblom, primeira a colocar o icônico personagem em seu traje vermelho.

As origens da lenda natalina

Mas a história do Papai Noel vem de muito antes, e surge de um santo católico chamado Nicolau. Ele nasceu na região da Lícia, hoje conhecida como Turquia, em aproximadamente 275 d.C, mas ganhou popularidade pela Europa depois que seu corpo foi roubado por italianos, em 1087. Foi quando sua vida passou a ser celebrada na Europa, e a lenda do homem que realizou diversos milagres viajou o continente.

A mais famosa das histórias é de quando ele salvou três irmãs que não tinham dinheiro para pagar o seu dote. Reza a lenda que o homem de família rica jogou três sacos de ouro pela janela da casa da família e, assim, elas teriam conseguido bons maridos. Outras versões dizem que os sacos de ouro foram jogados pela lareira e caiu dentro da meia das moças, que haviam sido deixadas por perto para secar.

O aniversário da morte de São Nicolau ainda é comemorado em alguns lugares da Europa, como Alemanha, Áustria, Itália e Eslovênia, no dia 6 de dezembro. Mas, com a proximidade com o Natal, as duas datas acabaram se fundindo na maior parte do mundo.

Outros elementos do que conhecemos hoje são misturas de outras histórias europeias: os nórdicos contribuíram com a presença das renas, trenós de neve e duendes, seres bastante presentes nas lendas daquela região. Há, inclusive, uma lenda de que no solstício de inverno, que acontece no dia 21 de dezembro, o deus Odin traria para as crianças recompensas ou punições de acordo com o comportamento delas, e vinha em um cavalo sobre uma nuvem.

Cartas para o Papai Noel: até hoje?

Crianças de todo o mundo têm o costume de escrever e enviar cartas ao Papai Noel. De origem incerta, alguns pesquisadores atribuem essa prática à antiguidade, quando era comum que se enviassem cartas aos santos.

Independente de como surgiu essa tradição, saiba que é muito simples enviar uma carta ao Papai Noel. No Brasil, os Correios têm um projeto que recebe há mais de 30 anos cartas endereçadas ao velhinho, e todo brasileiro pode se voluntariar a “adotar uma carta” e enviar um presente a uma criança. Neste ano, devido à pandemia do coronavírus, no entanto, a campanha acontece de forma 100% virtual.

Os países escandinavos têm programas parecidos, mas recebem cartas de todo o mundo e respondem em até oito idiomas! O endereço é considerado o “oficial” do senhor Noel pelos europeus, na Lapônia, ao norte da Finlândia. No entanto, a correspondência enviada para o Pólo Norte, morada mais difundida entre os americanos, também é direcionada para lá. Que tal preparar a sua carta para o Papai Noel?